Texto base: “Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor [advogado] junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (I Jo 2.1, NVI)
Esta semana, durante o serviço de rotina, no turno da tarde, me deparei com um caso que me fez refletir sobre até onde pode ir o sentimento de culpa em uma pessoa, em especial, em nós cristãos. O caso foi o seguinte:
Por volta das 16:00h seguiamos por uma importante avenida da zona Sul de Teresina, o trânsito muito intenso, quando ao longe minha equipe e eu contemplamos um aglomerado de pessoas, já nos questionavamos sobre o que seria, talvez um assalto, uma briga, ou o mais provável, um acidente de trânsito. Não era nada disso. Sentada no meio fio, sendo consolada por um homem com um uniforme de uma empresa, de cor azul, estava uma jovem que não tinha mais que 20 anos, branca, de cabelos negros, com o aspecto frágil, pele pálida e aparentando uma forte opressão. Aquela jovem que poderia estar vivendo o auge de sua vida, que poderia ser um exemplo de felicidade, de vigor, acabara de tentar o suicidio!
Foi uma cena chocante e ao mesmo tempo reflexiva. Sabe aquele homem que a consolava quando chegamos? Era um servo de Deus que passava pelo local e agora orava por ela, mostrava que ela tinha valor para Deus, e nada do que ela tinha feito importava mais para o Senhor, dizia que alguém a amava mais que qualquer pessoa na Terra, este alguém era Jesus. Neste momento, uma manifestação demoniaca aconteceu, a jovem começou a salivar, a se contorcer ao chão, meus companheiros de trabalho ficaram assustados – estavam acostumados com outros tipos de situações. Mesmo com esta cena posta, um pequeno círculo de oração se fez naquele lugar - já não parecia uma ocorrência policial, mas sim espiritual! Foram momentos de orações e através da misericórdia do Senhor aquela jovem retornou as suas faculdades naturais, estava liberta daquela opressão demoniaca. Algo surpreendente aconteceu, pois, sentada ali mesmo, no meio fio de uma grande avenida, aquela jovem abraçou o irmão e chorou. Diante de um grupo de curiosos confessou a Jesus como Senhor de sua vida, e já não parecia tão frágil.
Logo seu irmão chegou, alguém havia informado à seus familiares. Não me contive, queria esclarecer a dúvida que me pertubava. De início perguntei se a garota tinha crises depressivas constantes. Prontamente me veio um sim. Logo emplaquei outra pergunta, que na realidade era o que eu queria saber. Perguntei se era probelma com namorado e o jovem respondeu positivamente. Não tive dúvidas em constatar, que aquele caso tratava-se de mais um em que jovens não sabem lidar com o namoro ou com o pecado ocasionado com o namoro, quando este namoro não está na vontade do Senhor. É ai que o inimigo se aproveita da fragilidade humana e mostra que nada vale apena, e diz que o melhor seria morrer. ( I Pd 5.8)
Eu não sei o que houve com aquela garota, sei porém, que o amor do Senhor lhe foi apresentado e que a misericordia de Deus à alcançou, pois se assim não fosse, ela teria conseguido atingir seu objetivo inicial, morrer. Ficou uma indagação em meu coração: como nossos irmãos, em especial jovens, lidam com a queda ou com a possível falha na caminhada cristã? Aquela jovem talvez não conhecesse a Jesus (confesso que não sei), mas os nossos irmãos, como suportam isso sem ceder as investidas do inimigo?
Não pretendo de forma alguma apontar uma formula mágica contendo a receita exata de como lidar com esta situação. Nem quero expor aqui um debate exegético sobre o tema. Quero porém levantar este questionamento, esta possibilidade. Pois o que é posto em nossas igrejas é a infalibilidade do cristão. O viver em santidade deve ser a regra do cristão, porém como agir se houver a excessão de falhar?
Meus amados quisera eu viver num estado pleno de santidade! Infelizmente todos os dias estamos sujeitos as tentações da carne, as investidas do inimigo de nossas almas (Jo 10.10) e podemos sim, num momento, em que estivermos desatentos, falhar. O importante porém é saber que, ainda que não sejamos perfeitos, o Senhor nos ama e está disposto a nos perdoar. Ele mesmo nos ensinou a perdoar infinitamente(Mt 18. 21,22). No entanto, é necessário reconhecer nosso erro e mudar de atitude, buscar forças no Senhor, afinal, é Ele que nos concede o livramento (I Cor 10.13), é Ele que nos fortalece quando estamos fracos (II Cor 12.10) e é dEle que vem o nosso socorro ( Sl 121.1). A misericórdia do Senhor é tão imensa que Ele enviou um servo dEle, em meio a uma avenida, em pleno horário de trabalho, para livrar aquela garota. O Senhor tem um cuidado especial. Deus não usou aquele irmão para condenar a jovem, mas usou para levar uma mensagem de libertação para aquela pessoa que tanto precisava. Assim o Senhor faz conosco, mostra o seu infinito Amor (Jo 3.16) e nos perdoa e ainda nos garante a salvação! (Jo 8.11).
Com isso, não estamos concordando com o pecado, pois sabemos que o Senhor é Santo (I Pedro 1.16) e devemos buscar esta santidade. Mas concordamos com João ao dizer que escrevia tais coisas para que os servos do Senhor não pecassem (I Jo 2.1), porém, se por uma infelicidade, por uma falha, por uma fraqueza, eles vacilassem, não deveriam suicidarem-se, nem fisicamente, nem espiritualmente como muitos fazem abandonando de vez o convívio com o Senhor. Antes porém, deveriam lembrar que tinham um advogado, alguém pronto a interceder por eles, era Jesus Cristo, o Justo. Lembre-se fomos comprados por um alto preço ( I Cor 7.23) e o nosso resgate foi pago com preço de sangue ( I Pd 1.18), portanto, somos especiais para Deus e a semelhança do filho pródigo (Lc 15.11) que foi beijado e abraçado pelo Pai quando retornou para casa, assim somos nós quando percebemos qual é melhor lugar para estar e este lugar sempre será na casa do Pai!
Autor: Jefferson Rodrigues
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