segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O que podemos aprender com as crianças


Texto base: “Quando Jesus viu isso, ficou indignado e lhes disse: "Deixem vir a mim as crianças, não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas.” (Mc 10.14) [versão NVI].

Antes de iniciar a discussão sobre o texto bíblico em destaque quero me reportar a um livro infantil que li recentemente – afinal, nunca é tarde para ler um livro infantil. Este livro é um clássico da literatura mundial, chama-se: “O pequeno príncipe”. Nesta obra encontramos a estória de um aviador Frances que durante sua infância teve seu desejo de torna-se um desenhista impedido pela “gente grande” que o cercava. Tais pessoas não compreendiam sua imaginação e ceifaram seus sonhos direcionando a criança para as coisas de gente grande. Quando este jovem cresceu tornou-se rico, inteligente e importante, porém nunca abandonou seus pensamentos infantis. Durante uma viagem, nosso aviador, sofre uma pane em seu avião e cai no meio do deserto do Saara. É no deserto que ele encontra o Pequeno Príncipe, uma criança que viajava através da galáxia conhecendo novos planetas.

Com o aparecimento do Pequeno Príncipe desenvolve-se a estória que em meio a tantas fábulas para crianças, encontramos mensagens fortes a respeito de como as crianças percebem o mundo ao seu redor e o que é importante para eles, diferentemente do que é prioridade para os adultos. O principezinho não compreende como as pessoas possuem jardins com milhares de rosas, mais não amam nenhuma delas. Ele acha inconcebível como gente grande vive constantemente preocupada, não aproveitando o mundo e todas as suas maravilhas que o Senhor nos concedeu. Por fim, nos mostra como o mundo é muito mais bonito do que nossas preocupações nos permitem enxergar e como as pessoas são únicas, desde que saibamos amá-las.

Toda esta narração serve para ilustrar a importância do olhar de uma criança sobre o mundo. Fica a indagação: por que Jesus ficou indignado com os seus discípulos? Por que Jesus afirmou que o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas? Sem dúvidas Jesus nos deixou uma forte mensagem neste texto e se analisado com detalhe veremos como é importante ser uma criança para compreender o Reino de Deus e suas manifestações em nossa vida.

Muita “gente grande” ao ler as Sagradas Escrituras não compreende ou preferem não perceber que em Isaias 9.6 o Senhor nos concede a promessa do Salvador e que este Salvador viria ao mundo não como um homem feito, ou como um ser celestial repleto de encantos e sobrenaturalidade, mas viria como uma criança. Assim diz o texto: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaias 9.6). Um menino nos nasceu, Jesus viria como uma criança! Uma criança, mas ao mesmo tempo um Deus, pois Ele chega a nós como Deus forte, Pai da Eternidade, mostrando que mesmo em sua meninice já era Deus, não era necessário Ele crescer primeiro para ser Deus, ser membro e Senhor do Reino de Deus. Isto nos aponta para um problema comum no meio cristão: eximir as crianças dos trabalhos na casa do Senhor, ou acreditar que elas não são um alvo importante para evangelizar, deixemos este tema para outra oportunidade.

Mas o que aprendemos com a vinda de Jesus, nosso Rei e Salvador, como uma criança a este mundo? Podemos tirar varias lições, e varias já foram expostas por muitos autores, mas as mais importantes, a meu ver, encontram-se expostas no evangelho de Lucas 2.8-20, onde é narrado o nascimento de nosso Messias:

1- Jesus nasce em um estábulo:

Mesmo sendo Deus, o menino Senhor, tendo todo o poder como já exposto, nasce em um local impróprio até mesmo para o mais simples camponês: um estábulo, local onde animais são criados. Ele poderia ter nascido nos mais belos palácios da época, em “berço de ouro”, sendo de uma família importante de Jerusalém, porém ocorre o oposto deste quadro, nascendo num lugar sujo, sem nenhuma pompa, tem como berço, não ouro, mas uma manjedoura. Ao invés de perfumes da melhor qualidade, era o cheiro nada agradável dos animais que enchia o local. Seria um local pouco convidativo para a maioria da cristandade atual. Contudo, foi neste lugar improvável, desagradável, e nada convidativo que o Rei dos Reis, o Senhor dos senhores escolheu para nascer e trazer salvação a humanidade, dando uma prova incontestável de sua humildade e de sua soberania, pois ele contrariou com este local o desejo de todos os religiosos da época que esperavam um messias diferente daquele que veio ao mundo.

2 – Manifestação do Reino.

Em um local tão simples poderia Deus habitar? Poderia haver manifestação do Reino de Deus? Como diz o apóstolo Paulo: “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes;”( I Coríntios 1.27), assim o Senhor sempre trabalhou mostrando que a sua glória ele não divide com ninguém. Mais uma vez o Senhor mostrou que a religião e os dogmas religiosos não são nada diante de Sua suprema e soberana vontade, pois contrariando o pensamento religioso vigente da época, onde o messias seria um libertador imponente, de origem principesca, rico e poderoso. Jesus escolhe um lugar simples para nascer e vem como uma frágil criança. Não obstante a toda esta situação, a Gloria de Deus manifestou-se naquele lugar! Anjos apareceram, louvavam ao Senhor, era um exercito celestial que bem diziam o nascimento do Salvador! Em meio a tanta simplicidade daquela criança o Reino de Deus pode ser visto naquele lugar.

Assim, quando o mestre indigna-se com os seus discípulos por impedirem a vinda das crianças ao seu encontro (Mc 10.13,14), Ele estava querendo dizer o seguinte: “Olha Eu vim como uma criança, nasci em um local simples e mesmo assim a Glória de Deus esteve presente, o Reino de Deus manifestou-se! Agora, meus discípulos, vocês se acham cheio de estatus por estarem comigo? Saibam que nada disso adianta, nem estatus, religião, soberba, riqueza, tudo isso de nada vale para ver a manifestação do Reino de Deus em vossas vidas! Sejam simples como crianças, vejam o mundo sem malícia, amem sem perguntar o porque, não vejam maldade em tudo que lhe dizem, em fim sejam como estas crianças, pois só desta forma poderão ver o Reino de Deus ”

Aprendemos uma valiosa lição com tudo isso: Precisamos nascer de novo (João 3.3). Esperamos sempre ver o Reino de Deus para um futuro distante, mas Jesus nos deixa claro: “o Reino de Deus está entre vocês”(Lucas 17.21b), ou seja o Senhor Jesus já inaugurou o Reino desde o seu nascimento, pois ele ensinou aos seus discípulos que “já era chegado o Reino de Deus”(Lucas 10.9-11), porém nossas vaidades, preocupações com os problemas de “gente grande”, não nos deixam ver este Reino que esta entre nós. Precisamos nascer de novo, precisamos ser como as crianças, precisamos compreender que Jesus nos apresenta suas maravilhosas virtudes independente de qual lugar estejamos, contudo, Ele nos afirma que se quisermos ver o Reino de Deus que está entre nós devemos ser como crianças!

O reino foi inaugurado, gozamos de suas bênçãos, porém sua plenitude se dará na volta de Cristo. No entanto, O Senhor nos convida a refletir: somos como aquelas crianças ou agimos como os discípulos? Sejamos crianças e contemplemos as maravilhosas manifestações do reino de Deus em nossas vidas!

Em Cristo,

Jefferson Rodrigues


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