Texto base: “e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”(João 8:32).
Desde o século XVII temos contemplado diversas polêmicas a respeito desse tema e isso tem levado um grande número de jovens a entrar em conflito, pois se deparam com o seguinte questionamento: Afinal tenho ou não o livre arbítrio? Para responder a essa questão tentaremos de forma simples apresentar a vocês algumas abordagens bíblicas que poderá esclarecer algumas dúvidas a respeito do tema.
- No Príncipio:
Deus criou o homem um ser perfeito a sua imagem e semelhança (Gênesis 1.27), e já que ele era semelhante ao Criador, Dele também herdou a liberdade, prova disso é o que o Senhor disse a Adão e Eva: “…De toda a arvore do jardim comerás livremente, mas da arvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás…”(Gênesis 2.16,17). Este versículo mostra que o Senhor não criou o homem como uma máquina, pois Ele determinou ao homem o que ele deveria fazer (v.16), mas o homem por sua decisão livre desobedeceu a Deus (Gênesis 3.6) e a partir desse momento passou a ser influenciado pelo pecado e não gozava mais da semelhança do Senhor, pois o Senhor é Santo e não há pecado Nele (Isaias 59.2; I Pedro 1.15), passando assim a não mais gozar de plena liberdade, pois a natureza pecaminosa lhe direcionava os passos a ponto se encontrarem nesta situação: “A terra estava corrompida diante da face de Deus: e encheu-se a terra de violência” (Gênesis 6.11). E assim permaneceu o homem escravo do pecado por um longo período, pois mesmo o homem tendo diante de si a escolha da benção (Deuteronômio 30.19), ele sempre se direcionou para a maldição, a ponto do Senhor não encontrar um justo sequer (Romanos 3.10). Um ponto intrigante a ser discutido é se neste momento o homem tinha ou não a liberdade de escolha, pois é notório que ele sempre fazia o que era desagradável a Deus. Basta a você ter em mente que Deus lhe deixou livre para escolher ou tomar decisão: “Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.”(Js 24.15), note que Deus não lhe retirou o direito de escolher ou seja seu livre arbítrio, porém o pecado influenciava aqueles homens, impedindo que servissem ao Senhor e por mais que tentassem nada poderiam fazer para se livrar desse peso, porque há coisas que são impossíveis aos homens, mas não à Deus (Mateus 19.26), mesmo a Lei não foi capaz de livrar o homem dessa escravidão, por que se assim o fosse Jesus não teria oferecido liberdade a aqueles que já viviam debaixo da Lei (João 8.32,37). Assim entendemos que antes que Jesus cumprisse sua missão aqui na Terra, o homem gozava da liberdade de escolha (Deuteronômio 30.19; Josué 24.15; I Samuel 12.14,15; I Reis 18.21), porém suas obras sempre foram influenciadas pelo pecado e voltados a fazer o que parecia mal aos olhos do Senhor (Juízes 2.11), mas o Senhor nunca os abandonou, mostrando que a sua misericórdia sempre esteve presente pronta para os ajudar(II Crônicas 7.14; Isaias 59.1; Provérbios 28.13).
- A Graça:
Diante de tamanha escravidão em que se encontrava a nação eleita por Deus para levar seu nome e todos os povos da terra, Deus então decide dar ao homem a oportunidade de ter voltar a ter liberdade, semelhante aquela que gozara no início, mas para isso acontecer tinha que ser pago o preço, e este preço só poderia ser pago por Jesus. Quando contemplamos Mateus 4.16 temos um noção da situação em que estava o povo de Israel: “ o povo que estava assentado em trevas viu uma grande luz; e aos que estavam assentados na região e sombra da morte a luz raiou” . Jesus então surge como uma luz para esse povo. Observe que eles estavam debaixo da Lei, porém suas obras estavam nas trevas, o que significa dizer que o pecado influenciava suas atitudes. Outro ponto a ser observado está em Lucas 4.19 quando então ele anuncia uma de suas missões “… apregoar liberdade aos cativos”, esse cativos seriam por acaso prisioneiros das cadeias romanas? É evidente que não, pois o próprio Jesus já deixara bem claro que o seu reino não era desse mundo, e em Efésios. 6.12 temos nítido qual era o inimigo a ser enfrentado “portanto não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes das maldades nos lugares celestiais”. Portanto concluímos que essa liberdade seria para a humanidade que estava aprisionada espiritualmente, observando o nosso texto base vemos um diálogo de Jesus com homens que se achavam livres por se julgarem descendência de Abraão (Jo. 8.33), porém Jesus os chamas de escravos ao lhes oferecer liberdade e afirma que estes eram escravos por que cometiam pecado. Assim o homem sem Jesus não pode gozar de liberdade, pois por mais religioso que seja, estará sempre cometendo pecado e sujeito a sua influência.
A grosso modo essa situação levaria a um aparente desespero pois alem do homem ser escravo do pecado, não poderia ter salvação, mas é justamente ai que entra a Divina providência, pois Jesus afirma: “… se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”(João 8.31,32), esta verdade seria o próprio Jesus e a sua palavra, pois o homem só poderá ter aquela plena liberdade a partir do momento que a palavra de Jesus lhe é apresentada, prova disso é quando o Mestre diz aos seus discípulos “vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado”(João 15.3) mostrando que somente pelo conhecimento da Sua palavra eles foram limpos de seus pecados, daí a necessidade de ser pregado o evangelho a toda criatura para que o homem possa ter a liberdade de escolher entre o certo e o errado, pois sem a Palavra lhe ser apresentada esse homem estará sempre sujeito a ação do pecado impossibilitando a escolha do que agrada a Deus. Um texto que expressa de forma clara esta situação está em Romanos 10.9,14 onde é apresentado a formula da salvação. Em primeiro lugar é apresentado a partícula condicional “SE”, “…se com a tua boca confessares”, “se com a tua boca creres”, mostrando que cabe ao homem tomar a decisão de aceitar o sacrifício de Cristo e posteriormente apresenta a situação desse homem, ou seja, cego e surdo aos apelos do Senhor, onde que somente com a apresentação da palavra de Deus ele poderá crer no evangelho “…como crerão naquele de quem não ouviram?…” e ai sim tornar-se livre para escolher a Cristo e O confessar como Senhor e salvador de sua vida, note que não significa dizer que ele aceitará, prova disto é o que diz a bíblia “Mas nem todos obedecem ao evangelho…”(Rom. 9.16a), pois ele sendo livre, Deus não quer ninguém como escravo, mas sim como servo, ou seja permanecendo com o Senhor por livre vontade.
Podemos então concluir que o homem só é livre quando o Evangelho lhe é apresentado e ele permanece em Jesus (João 8.31) e que o evangelho lhe mostra o caminho dessa liberdade, cabendo ao homem decidir se aceita ou não esta Palavra. Daí surge outra questão, como então pessoas que viveram no Evangelho se desviam? Esta questão daria outro estudo!!! Porém, podemos afirma o que antes falamos, Deus não quer ninguém como escravo, mas sim servo, e se o homem goza da liberdade da Palavra ele poderá deixar a Cristo conscientemente, prova disso é o caso do inimigo de nossas almas, que sendo anjo de Deus rebelou-se contra o Criador, porém o preço a ser pago é muito alto , pois Pedro nos diz: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro.Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado”(II Pedro.2.20,21). Este versículo destrói qualquer doutrina de que uma vez salvo, salvo para sempre, pois a salvação é eterna, porém isto é quando formos transformados em corpos incorruptíveis como nos diz a bíblia em I Coríntios 15.53,54 , a partir daí seremos novas criaturas, com corpos renovados, junto com o Senhor e não estando mais sujeitos as ações do mundo, então cabe a você, servo do Senhor, guardar a tua Salvação, pois o Senhor nos disse que “aquele que perseverá até o fim será salvo”(Mt 24.13), não abuse da liberdade que você tem, e saiba que muito mais valor tem aquele que serve por amor, por ser livre , do que aquele que é obrigado a servir.
Sabemos que dúvidas milenares não foram sanadas quanto a predestinação e livre arbítrio, nem era nossa pretensão saná-las, mas deixamos nosso ponto de vista com base na Palavra de Deus. Para aqueles mais exaltados, confira a seguir o vídeo do renomado teólogo calvinista Augustus Nicodemus Lopes apresentando uma boa explicação sobre este embate:
Livremente em Cristo,
Jefferson Rodrigues