Gostamos
de fama. Sim, o ser humano gosta de ser visto, lembrado e aplaudido. Este fato
nos impulsiona a medir nossa glória em conformidade com o nível de aprovação
que os homens nos dão. Muitas vezes somos tentados a pensar que mesmo vivendo em
desacordo com a vontade de Deus está tudo bem, desde que continuemos a ser vitoriosos
em nossas batalhas.
Para
Sansão esta pareceu ser sua metodologia de vida. Talvez pensasse o nazireu: “enquanto
estou conquistando vitórias é sinal de que Deus continua comigo”. O que ele não
percebia é que a única coisa que o mantinha na linha de frente era a utilidade
que o SENHOR encontrava nEle. Sim, Sansão era apenas um instrumento com prazo
de validade contado nas mãos do Senhor!
O
juiz fanfarrão se movia impulsionado pelos seus instintos de violência, desejos
carnais desenfreados e uma busca incessante pela fama meramente humana. Nos
três capítulos do livro de Juízes (13-16) que tratam sobre a trajetória de
Sansão não o encontramos buscando a presença de Deus, tendo intimidade com Deus
ou ainda confiando em Deus para alcançar vitórias. Pelo contrário, vemos alguém
prepotente, encantado pelas suas próprias conquista e distante de Deus.
O
fim de Sansão era inevitavelmente previsível. Ele seria derrotado. Não por
Dalila, mas seria derrotado por si mesmo, pelas suas escolhas e por fim pelo
Senhor que já havia dito aos israelitas antes de entrar na terra prometida: “minha
é a vingança”(Dt 32.35). O cenário estava montado para que a justa “recompensa”
caísse sobre o “Juiz promíscuo”. Ele é preso, humilhado, destituído de todas as
suas pomposas vitórias.
Agora
cego para o mundo, sem amigos que o corrompesse, sem glórias humanas para o insuflar
e servindo de espetáculo para seus inimigos; só restava a Sansão lembrar das
promessas que o Senhor Iavé fizera sobre a sua vida e missão, que dizia: “...ele
começará a livrar a Israel da mão dos filisteus”(Jz 13.5). Sim, seria este
homem pecador que daria início a vitória de Israel sobre os Filisteus que só
seria concluída cerca de 100 anos depois com Davi.
Pela
primeira vez Sansão parece ter intimidade com Deus! Em meio a um espetáculo público,
onde o grande herói serviria de “bobo da corte”, Sansão se lembra do Senhor,
ele abaixa a cabeça e pela primeira vez o vemos orar com o coração ao dizer: “Senhor
Iavé, peço-te que lembre-se de mim e me fortaleça só esta vez, ó Deus...”(Jz
16.28). Sentimos a dor no clamor do juiz humilhado, sentimos a angustia em sua
oração, mas também sentimos a verdadeira fé fluir de suas palavras. Sua fé é comprovada
pela solicitação de ser colado junto as colunas, mesmo antes de ter certeza que
seria ouvido pelo Senhor.
O
filho de Manoá, sabia que o Senhor o havia perdoado e que mais uma vez estaria
com ele em sua ultima batalha. Sansão não cometera suicídio como muitos pensam.
Na verdade junto aquelas colunas ele lutaria a guerra do Senhor, cumpriria sua
vocação de conduzir o povo ao livramento dos opressores filisteus. E assim se
fez. O Senhor ouviu Sansão e o fortaleceu mais uma vez. E ali junto as colunas
do templo de Dagom, o Nazireu destruiu toda a elite dos filisteus, destruindo
com este ato mais de 3 mil inimigos do povo de Israel. Era a maior vitória que
já tinha conquistado. Era a vitória do Senhor!
O
nosso herói morreu em sua ultima batalha. Contudo, sua morte marcou a
verdadeira vida. Ele então pode descansar, pois finalmente havia conhecido o
Senhor e lutado pelo Deus de Israel. Foi na sua aparente derrota que conheceu
intimamente o Grande Eu Sou, foi em sua morte que ele pode ser lembrado entre
os heróis da Fé descritos em Hebreus 11.32, sendo contados entre os “homens dos
quais o mundo não era digno”(Hb 11.38).
Aprendemos
com isso que para Deus é mais importante um crente fiel morto do que um herói
aclamado por todos vivo. Os erros de Sansão servem de alerta para todos nós.
Todavia, sua lição final nos diz que mesmo quando tudo está aparentemente
perdido, ainda é possível clamar ao Senhor e Ele nos ouvirá. Confiemos no
Senhor, pois a vitória é possível!