sexta-feira, 17 de agosto de 2018

CANTANDO A FÉ: A REAFIRMAÇÃO DA DOUTRINA ESCATOLÓGICA ATRAVÉS DA HARPA CRISTÃ



Por Jefferson Rodrigues

Era mais um almoço em família e como de costume, estávamos reunidos à mesa. Éramos minha esposa, meus dois filhos e eu. Na oportunidade oramos e já estávamos pronto para começar a nos alimentar quando me recordo que tinha na geladeira um delicioso suco de uva integral. Foi instantânea a minha reação! Dirigi-me até a geladeira e retornei à mesa com aquela garrafa contendo o precioso fruto da vide geladíssimo, uma ótima pedida para um lugar quentíssimo como minha cidade, Teresina-PI. Até aqui o leitor deve está se perguntando, mas o que isso tem a ver com o tema proposto no artigo? Peço um pouco mais de paciência.
No momento em que me aproximei da mesa, meu filho Emanuel ( 4 anos), viu a garrafa de suco em minha mão e de pronto começou a cantarolar: “[...] Vem cear, o mestre chama, vem cear.. Mesmo hoje tu te poder saciar.. Poucos pães multiplicou, água em vinho transformou[...]”. Esta é uma musica que sempre cantamos ao celebrarmos a Ceia do Senhor em nossa Congregação, fazendo parte do hinário oficial da Assembleia de Deus, a Harpa Cristã. O que me chamou atenção na cena é o modo como, de pronto, meu filho fez a ligação entre suco de uva (vinho servido na Ceia) e a música que cantamos. É a mais nítida expressão do poder educador da música!
Na ação acima citada vemos claramente o modo como o hino ficou marcado na mente de meu filho. Para ele, o suco de uva deveria ser acompanhado pela canção, expressando assim um símbolo do sagrado, no caso, da Ceia do Senhor. Assim, naquele instante puder perceber na prática o conceito defendido por Kurt Palhen, que nos diz: “Toda a comunidade humana, toda a época possui sua música, que lhe é peculiar e adequada. Nela reflete sua vida, seu sentimento, seu sonho, sua crença, sua esperança [...][1]”. A música é um poderoso instrumento de transmissão de nossas crenças, a mesma é também um forte instrumento de fixação de saber, pois: “A música pode exibir como o cidadão vê a sociedade em que vive [...] A música também pode ser o ponto de partida para a busca de várias informações e valorização da cultura de um povo[2]”.
Neste contexto somos levados a perceber que a música é um ótimo instrumento de fixação de dogmas e doutrinas de determinado grupo religioso. No caso das Igrejas Pentecostais, em especial a Assembleia de Deus, temos a convicção de que os hinos cantados nas reuniões, como por exemplo, aqueles expostos no Hinário oficial da denominação, são fontes de fortalecimento das crenças da comunidade ao tempo em que cria um sentimento de pertencimento a uma tradição cristã em foco. Deste modo, a seguir vamos perceber a importância que músicas e hinos para o fortalecimento de um ramo específico da dogmática assembleiana, no caso, a visão escatológica.
A Música Como Parte Da Liturgia Judaico-Cristã
Em virtude da exiguidade do espaço de escrita não podemos esgotar todo o tema exposto na liturgia judaico-cristã. Contudo, é fundamental que voltemos o nosso olhar para o culto veterotestamentário. Ao observarmos de modo amplo veremos que no culto judaico a parte de cânticos e louvores era parte integrante da liturgia. Veremos através das páginas das Escrituras judaicas uma multiplicidade de cânticos que tem como base fortalecer a fé judaica e introduzir de modo “popular” a teologia da fé judaica. Talvez o exemplo mais notório que podemos tirar seja o próprio Livro de Salmos.
 Nesta obra sapiencial do povo hebreu encontramos cerca de 150 cânticos, expressando os principais temas da fé de Israel. São cânticos que vem desde os tempos do grande líder Moisés, passando pelo compositor Mor Davi e tantos outros Salmos de autores desconhecidos. No “Tehillim” é possível encontrar, por exemplo, temas que abordam o fortalecimento da fé monoteísta (Sl 115), a exaltação das Escrituras (Sl 119), orientações para uma vida justa e de bênçãos (Sl 1), o caráter de Amor e cuidado revelado em Deus (Sl 23), louvores que contam as histórias do povo (Sl 126), o valor da família como sinônimo da benção de Deus (Sl 127), entre tantos outros temas. Assim, os salmos como obra de louvor, também podem ser identificados como uma obra de ensino dogmático.
Outro ponto relevante e digno de observação é a estruturação musical que foi estabelecida no Culto Hebreu, nos dias do reinado de Davi.  É sabido pelas páginas sagradas que Davi foi um músico por excelência e, portanto, nada mais natural que a valorização desta área pelo “tangedor de harpa” Davi. Caberá então ao Rei tocador organizar grupos de cantores que levariam a liturgia musical do templo adiante. Ele colocou Asafe, Hemã e Jedutum (pelo visto também chamado Etã) à frente de 4 mil cantores e músicos. A esses, Davi juntou 288 especialistas, que treinavam e supervisionavam o restante do grupo. Os 4 mil cantores e músicos compareciam ao templo para as três grandes festividades anuais (1 Crônicas 23.5; 25.1, 6, 7). Pelos relatos que podemos observar nas Escrituras, esta deveria ser uma cena esplendorosa, pois todos cantavam e tocavam como se fossem um só (2 Cr 5.13). Toda esta idealização deixa nítido o apreço que este servo de Deus tinha pelo louvor no culto. É por essa razão que são atribuídos a Davi 73 dos 150 salmos expostos nas Escrituras.
A valorização do louvor será percebida na Igreja em sua formação primitiva. Vemos, por exemplo, que Paulo por pelo menos três vezes orienta as Igrejas sobre os seus cuidados pastorais a estabelecerem em suas liturgias a adoração através de “Salmos, hinos e cânticos espirituais”. O famoso comentarista bíblico Matthew Henry faz uma observação pertinente sobre as orientações paulinas: “Por Salmos podemos entender salmos de Davi, ou hinos que eram cantados com instrumentos musicais. Por hinos podemos entender cânticos restritos ao louvor, como os hinos de Zacarias, Simeão e etc. Cânticos espirituais podem conter uma variedade maior de temas: doutrinário, profético, histórico e etc[3]” . Nas palavras do professor de Rikison Moura: O cântico dos Salmos fazia parte do culto da igreja primitiva ( 1Co 14.26; Ef 5.19; Cl 3.16). Tertuliano, que viveu no segundo século depois de Cristo, escreveu que os cristãos cantavam os Salmos como antífonas. Crisóstomo e Agostinho também mencionam o uso dos Salmos nos cultos cristãos[4]”.  Diante de tais testemunhos é inegável o papel essencial que o louvor exercia na vida e liturgia da Igreja primitiva.
Durante o período medieval o louvor assumirá um papel de importância estratégica na vida da Igreja Institucional. É neste período  que surgirá os monastérios e com ele o cântico dos monges, além disso, os sacerdotes assumirão um aspectos supra espiritual e o louvor passa a ser restrito a um grupo reduzido, no caso os próprios membros do clero. Eles entoavam louvores em forma uníssona e sem instrumentos musicais, sem a participação da comunidade leiga. É importante salientar que neste modelo - que tem o seu grande destaque com o famoso Cântico Gregoriano - não há participação da congregação. Na verdade, a comunidade reunida basicamente assiste a apresentação feita pelos sacerdotes da Igreja Institucional.
A partir da Reforma Protestante veremos o retorno à valorização do cântico que envolva tanto leigos como clérigos, especialmente, através do empenho musical de Matinho Lutero, considerado como personagem principal da Reforma. Segundo a professora Suenia Barbosa de Almeida em sua dissertação de mestrado,
A música tornou-se parceira inseparável de Lutero em sua busca por Alemanha diferente, talvez mais consciente de sua fé e livre para usufruir dela com toda intensidade. Essa cumplicidade entre musica e as doutrinas do reformador lhe permitiu usa-la como instrumentos em suas mãos. Cônscio de seu potencial didático e plenamente convicto que esse universo deveria ser explorado como uma importante área do conhecimento, Lutero parece ter contemplado esses dois usos da música em sua obra[5].
De acordo com a afirmação acima, Lutero soube aproveitar o “poder” da música para fortalecer tanto a fé como as doutrinas expostas pela Reforma. Vemos em seus inúmeros hinos o caráter pedagógico e doutrinário. Segundo Parcival Módolo citado por Almeida (2011, p.68): “Na tradição musical reformada luterana, a música revela o texto. Ela o explica (explicatio textos). Nesse sentido ela deverá ser uma espécie de exegese, de explanação do texto, um sermão em sons (praedicatio sonora)[6]”. Com este modelo, “praedicatio sonora”, a música para Lutero assumiria um valor muito mais didático que de contemplação. Considerando é claro que tais proposições não são mutuamente excludentes.
Os Pentecostais Na Música
Os demais reformadores e pós-reformadores continuaram a valorizar o louvor dentro da liturgia. Alguns valorizavam menos que outros, porém, nunca esteve distante das liturgias pós reforma. Não obstante, a partir do século XIX veremos uma eclosão de louvores que entrarão para a história do cristianismo. Já com o despontar do século XXI veremos a eclosão do Movimento Pentecostal, herdeiro das tradições tanto Wesleynas como do movimento Hollines. Para o historiador do Movimento Pentecostal Isael de Araújo: “O movimento pentecostal abarcou uma variedade de estilos e tipos de músicas, com suas bases tanto na Bíblia como nas tradições históricas da Igreja [...] a música pentecostal enfatizou uma maneira sincera e profunda de cantar e tocar os instrumentos[7]”.
Os pentecostais surgiram como um movimento de liberdade. Liberdade litúrgica e consequentemente no modo de adoração. Os cultos ficaram marcados com a espontaneidade no modo de entoar louvores a Deus. Contudo, sempre se valorizavam a o reforço doutrinário e teológico através da adoração. Para Isael de Araújo, “A música fazia parte da vida do crente antes, durante e depois do culto. Antigos relatos informam sobre cânticos, louvores, palmas, clamores e até dança diante do Senhor [...] a música pentecostal possuiu qualidades características tanto no som como no conceito, o que a distingue de todas as épocas e práticas das tradições evangélicas e litúrgicas[8]”.
O louvor será marca distintiva do pentecostalismo, contudo, este louvor ganhará aspectos que o distancie da prática luterana e de muitos outros grupos oriundos desta tradição cristã. O pentecostalismo prima pela espontaneidade no louvor e apresenta uma interação peculiar entre o adorador e sua maneira de expor sua adoração. Assim, por todos os locais que foram alcançados pelas missões pentecostais, o louvor veio junto com as demais representações dogmáticas deste movimento. No Brasil, não poderia ser diferente, vejamos, por exemplo, a importância da música para a liturgia simples e espontânea de um culto pentecostal nos anos de 1925-1926, segundo relatos descritos no livro Diário de um Pioneiro:
O pastor começa a contar um hino. Todos se levantam e cantam juntos. Outro hino é cantado com muito fervor e alegria. O hino é dirigido por uma senhora ruiva, a irmã Frida Vingren, que está tocando um órgão. Um jovem está ao seu lado, tocando violino, e um senhor de idade toca trombone. É a orquestra principal[9]
Perceba que os hinos eram acompanhados por instrumentos musicais e também por toda a congregação, que “com fervor e alegria” entoavam louvores a Deus. Este momento da liturgia era ainda marcado por expressões de júbilo através de brados de “Aleluias e Glórias a Deus”. E visando facilitar a adoração era muito útil a utilização de um hinário próprio. Por este motivo, a Harpa Cristã vai sendo cada vez mais indispensável para o louvor nos cultos da Assembleia de Deus.
Louvando em terras brasileiras através da Harpa Cristã
 Com a chegada do pentecostalismo no Brasil a expressão de adoração através da música continuou sendo ponto forte da “liturgia” pentecostal. Veremos a adaptação de hinos tradicionais ao nosso idioma e especificamente, na Assembleia de Deus, veremos a preocupação de organizar um hinário característico “[...] com o objetivo de elevar o cântico congregacional e proporcionar o louvor a Deus nas diversas liturgias da Igreja: culto público, Santa Ceia, batismo, casamento, funeral e outras ocasiões[10]”.  É válido destacar que para cada uma destas ocasiões anteriormente citadas há um fortalecimento doutrinário através do hinário. A Harpa cristã (hinário oficial da Assembleia de Deus) apresenta uma gama de temas bíblicos para cada ocasião. Por exemplo, culto público é apresentado o sacrifício da Cruz (Hino 15, 18, 169 e etc), para a Ceia do Senhor é apresentado a importância desta ordenança e de seus símbolos (Hinos 300, 328 e 39 e etc), funeral são cantados louvores de esperança escatológicas, como os Hinos 26, 186, 509 e etc. Para cada ocasião sempre terá um hino com proposições doutrinárias a disposição do crente pentecostal que adota a Harpa Cristã.
O Hinário da Assembleia de Deus assumiu nomes diversos no decorrer do tempo. A princípio os pentecostais utilizavam os “Salmos e Hinos”, hinário adotado por diversas congregações. Contudo, buscando caracterizar o louvor pentecostal, em 06 de outubro 1917, influenciado pelos missionários suecos, a Assembleia de Deus em Belém (PA) lançou um hinário, contendo 194 hinos. Apesar do trabalho de 1917 ser bem visto, ainda era preciso estabelecer uma identidade musical pentecostal, e com este objetivo, em 1921 (dez anos depois da fundação da Assembleia de Deus) foi publicado o hinário o Cantor Pentecostal, sob a orientação editorial de Almeida Sobrinho, sendo distribuído pela AD de Belém. Este hinário continha 44 hinos e 10 corinhos.
 Em 1922, em Recife (PE), foi lançada a primeira edição da Harpa Cristã, contendo 100 hinos. Este hinário viria a se tornar o hinário oficial da Assembleia de Deus no Brasil e de várias outras denominações de matriz pentecostal. Sucederam várias outras edições deste hinário, sempre adicionando novos hinos e adaptando outros. Finalmente, em 1996 a Harpa Cristã assumiu a característica que nos dias atuais possui, contendo 640 hinos. Este hinário teve importante papel na consolidação de doutrinas bíblicas, bem como na profusão da adoração durante as reuniões pentecostais. Um fator que devemos destacar é o papel unificador que este hinário desenvolveu na denominação, pois de norte a sul do Brasil, onde existir uma Assembleia de Deus, os crentes daquele lugar possuirão e cantarão os hinos denominacionais e, por conseguinte, estarão se fortalecendo em diversas doutrinas, tais como o “Batismo no Espírito Santo”(Hino 24), ou a Esperança na volta pré-milenial de Cristo (Hino 300).
É claro que o louvor pentecostal não se resumiu a Harpa Cristã, porém, em suas páginas vemos a expressão da fé genuinamente bíblica e pentecostal. Fora esse ponto, veremos ainda muitos ilustres cantores que reafirmaram doutrinas bíblicas e esperança cristã em suas canções como, por exemplo, a cantora Cecília de Souza- que fez muito sucesso nas décadas de 1975-80- com sua famosa canção Trono Branco. E para que atinjamos o objetivo que inicialmente nos propusemos a tratar neste breve artigo, abordaremos o Hino 206, de autoria do pastor Paulo Leivas Macalão, um expoente da hinologia assembleiana. Através desta análise buscaremos mostrar o teor doutrinário da harpa Cristã e como ele reflete aquilo que a denominação professa.
Escatologia no louvor: esperança e alerta
De modo sintético, escatologia é uma temática abordada pela Teologia Sistemática. Escatologia é o estudo das últimas coisas, dos últimos acontecimentos da história da humanidade. Millard Erickson define esta disciplina como “o estudo das últimas coisas[11]” e acrescenta: “ela lida com questões concernentes à consumação da história, a conclusão da atuação de Deus no mundo[12]”. Assim, vemos que esta disciplina é de fundamental importância para o cristão, pois ao estudá-la o cristão é despertado a pelos menos duas situações: Manter-se vigilante quanto a volta de Cristo e Manter acesa a chama da Esperança de encontrar-se com Jesus e ver todas as promessas Eternas se cumprindo.
Os pentecostais tiveram na Escatologia um forte impulso missionário, pois em razão do derramamento do Espírito ocorrido em suas vidas eles criam genuinamente estar vivendo os últimos dias descritos por Joel. É por essa razão que veremos com grande ênfase as mensagens pentecostais girarem, a princípio, em torno de quatros eixos: Jesus Salva, Jesus Cura, Batiza com o Espirito Santo e BREVE VOLTARÁ. Este evangelho com quatro vertentes era a chave de toda predica pentecostal, inclusive, com uma forte ênfase na volta de Jesus. Era o anseio de todo pentecostal (e ainda deve ser): o grande dia de se encontrar com seu Rei e ver o retorno de Jesus, arrebatando a sua noiva para si. Vejamos a seguir essa esperança descrita na música de um grande compositor de Hinos do hinário assembleiano, o pastor Paulo Leivas Macalão.
Paulo Leivas Macalão era um gaúcho, nascido em Santana do Livramento em 1903. Converteu-se ainda muito jovem (18 anos) na cidade para qual havia migrado com sua família em razão das mudanças constantes de seu pai, o general do exército João Maria Macalão. A família Macalão mudou-se para o Rio de Janeiro. Músico de mão cheia, com uma educação elitizada, Paulo Leivas rendeu-se a Cristo e dedicou sua vida a esta nobre missão, mesmo a contra gosto de seu pai. No Rio de Janeiro, em 1930 foi ordenado ao ministério pastoral por Gunnar Vingren e Levi Pethrus importantes ícones da fé pentecostal. Macalão é considerado o maior compositor de hinos para a Harpa Cristã, ao tempo em que adaptou para a língua portuguesa  inúmeros outros hinos. Também é sobre os cuidados do pastor Paulo Leivas Macalão que a Assembleia de Deus em Madureira (RJ) se tornará uma Igreja pujante e vigorosa.
 Entre tantos hinos compostos por este servo de Deus destacamos o hino 206. Fazemos esta escolha por acreditarmos que tal hino apresenta uma estrutura escatológica que será padrão na composição do pastor de Madureira, que se estrutura em um misto alerta, segurança em Cristo, certeza de sua volta e uma promessa de benção para aqueles que forem fieis. A seguir passaremos a analisar o hino 206 da Harpa Cristã:
Alerta a vigilância. O autor começa com um chamamento a ficarmos alertas quanto ao volta de Jesus, um despertamento para que o crente não faça como as “virgens néscias” descritas por Jesus em uma de suas parábolas (Mt 25.1-13). Nesta estrofe Macalão apresenta o chamamento da trombeta de Deus aos seus santos (1 Ts 4.16,17), destacando que o Rei já se aproxima; por fim, há um destaque para o modo como será esta vinda, ou seja, será certa e esplendorosa (Mt 24.31).  Vejamos o que a estrofe nos diz::
“O clarim já nos alerta
Nosso coração desperta,
Pois a vinda é bem certa de Jesus;
De mil anjos rodeado,
Para o crente preparado,
Cristo volta coroado. Aleluia!”

Recompensas para os fieis. Nas estrofes seguintes Macalão reafirma a esperança descrita Pelo Senhor para aqueles que perseverarem. É uma mensagem de estímulo e perseverança, ao tempo em que o paralelo com as descrições do livro do Apocalipse são enormes. Por exemplo, na segunda estrofe é destacado o evento escatológico conhecido como “Bodas do Cordeiro” (Ap 19.7-9), onde a Igreja estará com o Senhor Jesus ceando e sendo coroada por Ele na Glória. Uma mensagem de esperança e consolo para crentes abatidos. Em seguida o autor nos faz memorar o capítulo 21.4-7 do Apocalipse, quando nos mostra que “no Céu não haverá mais pranto, eis que tudo será canto”. Por fim, ele conclui com a promessa: “Quão felizes nós seremos com Jesus! Para sempre gozaremos, E com Cristo reinaremos, Sua glória fruiremos. Aleluia!” Vejamos as duas últimas estrofes deste belo hino:
2. Lá nas bodas do Cordeiro,
Sentaremos prazenteiros;
Oh! Que gozo verdadeiro com Jesus!
Pois no céu não há mais pranto,
Eis que tudo será canto;
Cristo vem buscar os santos.Aleluia!

3. Sim à mesa sentaremos,
E com Cristo cearemos;
Quão felizes nós seremos com Jesus!
Para sempre gozaremos,
E com Cristo reinaremos,
Sua glória fruiremos. Aleluia!

Salvação e firmeza. No Coro, que se repete depois de cada estrofe, vemos uma reafirmação da mensagem pregada pelos pentecostais: Jesus salva e breve voltará. A mensagem é clara: “Ó irmão por Deus liberto, pelo sangue estas coberto; tens o teu perdão bem certo, Salvo estás [...]”. É uma afirmação sobre a origem da salvação, ou seja, a libertação vem do Senhor (Ef 2.8), é através do sangue de Jesus vertido na cruz que os crentes adquiriram o perdão de seus pecados (1 Jo 1.7). Em seguida a mensagem continua: “Voz de júbilo ouviremos, e no céu nós cantaremos, Cristo breve nós veremos. Aleluia!”. O coro encerra mais uma vez reafirmando a esperança escatológica do Céu, de estarmos juntos com o Senhor cantando e adorando aquele que vive eternamente. Amém!!
É uma mensagem que se repete por todos os demais hinos que encontraremos na Harpa Cristã e que falam sobre pontos Escatológicos. Vemos essa mesma esperança, por exemplo, nos hinos 204 , 272 e 483 de composição de Leivas Macalão. E ainda no hino de numero 301 que tem como tema fundamental “Nossa Esperança é sua vinda”, de autoria de José Manoel Cavalcante de Almeida. Enfim, através do hinário Harpa Cristã a doutrina da volta de Jesus é reafirmada em suas páginas, estimulando todos os crentes à firmeza nas promessas de Cristo e a esperarem seu retorno iminente. A doutrina escatológica é fortemente apresentada e ensinada enquanto o crente pentecostal assembleiano canta e exalta ao Senhor! Por fim, encerramos apresentando um trecho do hino 272, também composto pelo pastor Leivas Macalão:
“Quando Jesus aparecer,
Que festa para nós há de ser,
Ao céu de luz iremos ter,
P'ra desfrutar eterno prazer,
Quando ao Seu Pai nos apresentar,
Que alegria no céu haverá;
No trono Seu teremos lugar,
Em nossa fronte coroa porá”

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de tudo que apresentamos fica patente a importância que o louvor tem para a vida de todo cristão. Em especial, para os pentecostais, a hinologia exposta na Harpa Cristã assume um papel de dupla importância: adoração e ensino. Através dos hinos apresentados no hinário oficial da Assembleia de Deus vemos um chamamento à adoração ao Senhor, ao mesmo tempo, vemos nestas canções o fortalecimento de princípios teológicos e dogmáticos da fé pentecostal.
Um tema que não deixa de existir neste hinário é a escatologia, a mensagem de esperança na Volta de Cristo, bem como a reunião do povo de Deus com o seu Senhor. Ao cantarmos hinos como o acima analisado, somos relembrados da promessa de Cristo sobre sua vinda (Jo 14.1-3), de seu retorno iminente (Ap 22.20) e também somos despertados para uma vida de santidade que se enquadre nos padrões escriturístico (Hb 12.14; Ap 22.11) . Sim, fiquemos alerta, afinal: “O clarim já nos alerta; Nosso coração desperta, Pois a vinda é bem certa de Jesus [...]”. Cantemos com fervor, cantemos com consciência bíblica e estejamos sempre aguardando o retorno de nosso Rei Jesus! Por fim, encerramos este trabalho com o coro do belo hino 547 de nossa Harpa cristã, que nos adverte:
O Rei está voltando! O Rei está voltando!
A trombeta está soando, para os santos trasladar
Sim, o Rei está voltando! O Rei está voltando!
Aleluia! Ele vem nos buscar!





















REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
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ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. 1ª edição. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus- CPAD, 2007.
_______________. História do movimento pentecostal no Brasil: o caminho do pentecostalismo brasileiro até os dias de hoje. 1ª edição. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus- CPAD, 2016.
ARAUJO, kenia Kerlley Saraiva de. A contribuição da musica  para o desenvolvimento e aprendizagem da criança. Disponível em: < https://monografias.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/a-contribuicao-da-musica-para-desenvolvimento-e-aprendizagem-da-crianca.htm>  acesso em 15 de agosto de 2018, às 10h15 min.
CONDE, Emílio. História das Assembleias de Deus no Brasil. 3ª Impressão. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2017.
CRISTÃ, Harpa. Harpa cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
ERICKSON, Millard J. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2015.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento: Atos a Apocalipse. 3 ª impressão. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2015. Edição completa.
MOURA, Rikison. Breve introdução ao livro de Salmos. Disponível em: <http://ipbrussas.blogspot.com/2014/10/breve-introducao-ao-livro-dos-salmos.html> acesso em 15 de agosto de 2018, às 16h22 min.
PALHEN, Kurt. Uma nova história universal da música. São Paulo: Melhoramentos, 1907.
VINGREN, Ivar. Diário do pioneiro: Gunnar Vingren, fundador das Assembleias de Deus no Brasil. Edição comemorativa, 3ª reimpressão. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2017.








[1] PALHEN, Kurt. Uma nova história universal da musica. São Paulo: Melhoramentos, 1907, p.12
[2] ARAUJO, kenia Kerlley Saraiva de. A contribuição da musica  para o desenvolvimento e aprendizagem da criança. Disponível em: < https://monografias.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/a-contribuicao-da-musica-para-desenvolvimento-e-aprendizagem-da-crianca.htm>  acesso em 15 de agosto de 2018, às 10h15 min.
[3] HENRY, 2015, p.600, V. 6
[4] MOURA, Rikison. Breve introdução ao livro de Salmos. Disponível em: <http://ipbrussas.blogspot.com/2014/10/breve-introducao-ao-livro-dos-salmos.html> acesso em 15 de agosto de 2018, às 16h22 min.
[5] ALMEIDA, 2011, p.65
[6] MÓDOLO citado por ALMEIDA, 2011, p.68
[7] ARAUJO, 2007, p.496
[8] Idem, idem.
[9] VINGREN, 2017, p.142
[10] Idem, idem.
[11] ERICKSON, 2015, p. 1098
[12] Idem, idem.