Por Jefferson Rodrigues
Era
mais um almoço em família e como de costume, estávamos reunidos à mesa. Éramos
minha esposa, meus dois filhos e eu. Na oportunidade oramos e já estávamos
pronto para começar a nos alimentar quando me recordo que tinha na geladeira um
delicioso suco de uva integral. Foi instantânea a minha reação! Dirigi-me até a
geladeira e retornei à mesa com aquela garrafa contendo o precioso fruto da
vide geladíssimo, uma ótima pedida para um lugar quentíssimo como minha cidade,
Teresina-PI. Até aqui o leitor deve está se perguntando, mas o que isso tem a
ver com o tema proposto no artigo? Peço um pouco mais de paciência.
No
momento em que me aproximei da mesa, meu filho Emanuel ( 4 anos), viu a garrafa
de suco em minha mão e de pronto começou a cantarolar: “[...] Vem cear, o
mestre chama, vem cear.. Mesmo hoje tu te poder saciar.. Poucos pães multiplicou,
água em vinho transformou[...]”. Esta é uma musica que sempre cantamos ao
celebrarmos a Ceia do Senhor em nossa Congregação, fazendo parte do hinário
oficial da Assembleia de Deus, a Harpa Cristã. O que me chamou atenção na cena
é o modo como, de pronto, meu filho fez a ligação entre suco de uva (vinho
servido na Ceia) e a música que cantamos. É a mais nítida expressão do poder
educador da música!
Na
ação acima citada vemos claramente o modo como o hino ficou marcado na mente de
meu filho. Para ele, o suco de uva deveria ser acompanhado pela canção,
expressando assim um símbolo do sagrado, no caso, da Ceia do Senhor. Assim,
naquele instante puder perceber na prática o conceito defendido por Kurt
Palhen, que nos diz: “Toda a comunidade humana, toda a época possui sua música,
que lhe é peculiar e adequada. Nela reflete sua vida, seu sentimento, seu
sonho, sua crença, sua esperança [...][1]”.
A música é um poderoso instrumento de transmissão de nossas crenças, a mesma é
também um forte instrumento de fixação de saber, pois: “A música pode exibir como o cidadão vê a sociedade em
que vive [...] A música também pode ser o ponto de partida para a busca de
várias informações e valorização da cultura de um povo[2]”.
Neste contexto somos levados a perceber que a música
é um ótimo instrumento de fixação de dogmas e doutrinas de determinado grupo
religioso. No caso das Igrejas Pentecostais, em especial a Assembleia de Deus,
temos a convicção de que os hinos cantados nas reuniões, como por exemplo,
aqueles expostos no Hinário oficial da denominação, são fontes de
fortalecimento das crenças da comunidade ao tempo em que cria um sentimento de
pertencimento a uma tradição cristã em foco. Deste modo, a seguir vamos
perceber a importância que músicas e hinos para o fortalecimento de um ramo
específico da dogmática assembleiana, no caso, a visão escatológica.
A Música Como Parte Da Liturgia Judaico-Cristã
Em virtude da exiguidade do espaço de escrita não
podemos esgotar todo o tema exposto na liturgia judaico-cristã. Contudo, é
fundamental que voltemos o nosso olhar para o culto veterotestamentário. Ao
observarmos de modo amplo veremos que no culto judaico a parte de cânticos e
louvores era parte integrante da liturgia. Veremos através das páginas das
Escrituras judaicas uma multiplicidade de cânticos que tem como base fortalecer
a fé judaica e introduzir de modo “popular” a teologia da fé judaica. Talvez o
exemplo mais notório que podemos tirar seja o próprio Livro de Salmos.
Nesta obra
sapiencial do povo hebreu encontramos cerca de 150 cânticos, expressando os
principais temas da fé de Israel. São cânticos que vem desde os tempos do
grande líder Moisés, passando pelo compositor Mor Davi e tantos outros Salmos
de autores desconhecidos. No “Tehillim” é possível encontrar, por exemplo,
temas que abordam o fortalecimento da fé monoteísta (Sl 115), a exaltação das
Escrituras (Sl 119), orientações para uma vida justa e de bênçãos (Sl 1), o
caráter de Amor e cuidado revelado em Deus (Sl 23), louvores que contam as histórias
do povo (Sl 126), o valor da família como sinônimo da benção de Deus (Sl 127),
entre tantos outros temas. Assim, os salmos como obra de louvor, também podem
ser identificados como uma obra de ensino dogmático.
Outro ponto relevante e digno de observação é a
estruturação musical que foi estabelecida no Culto Hebreu, nos dias do reinado
de Davi. É sabido pelas páginas sagradas
que Davi foi um músico por excelência e, portanto, nada mais natural que a
valorização desta área pelo “tangedor de harpa” Davi. Caberá então ao Rei
tocador organizar grupos de cantores que levariam a liturgia musical do templo
adiante. Ele colocou Asafe,
Hemã e Jedutum (pelo visto também chamado Etã) à frente de 4 mil cantores
e músicos. A esses, Davi juntou 288 especialistas, que treinavam e
supervisionavam o restante do grupo. Os 4 mil cantores e músicos
compareciam ao templo para as três grandes festividades anuais (1 Crônicas 23.5; 25.1, 6, 7). Pelos relatos que
podemos observar nas Escrituras, esta deveria ser uma cena esplendorosa, pois
todos cantavam e tocavam como se fossem um só (2 Cr 5.13). Toda esta
idealização deixa nítido o apreço que este servo de Deus tinha pelo louvor no
culto. É por essa razão que são atribuídos a Davi 73 dos 150 salmos expostos
nas Escrituras.
A valorização do louvor será percebida na
Igreja em sua formação primitiva. Vemos, por exemplo, que Paulo por pelo menos
três vezes orienta as Igrejas sobre os seus cuidados pastorais a estabelecerem
em suas liturgias a adoração através de “Salmos, hinos e cânticos espirituais”.
O famoso comentarista bíblico Matthew Henry faz
uma observação pertinente sobre as orientações paulinas: “Por Salmos podemos
entender salmos de Davi, ou hinos que eram cantados com instrumentos musicais.
Por hinos podemos entender cânticos restritos ao louvor, como os hinos de
Zacarias, Simeão e etc. Cânticos espirituais podem conter uma variedade maior
de temas: doutrinário, profético, histórico e etc[3]”
. Nas palavras do professor de Rikison Moura: “O cântico dos Salmos fazia parte do culto
da igreja primitiva ( 1Co 14.26; Ef 5.19; Cl 3.16). Tertuliano, que viveu no
segundo século depois de Cristo, escreveu que os cristãos cantavam os Salmos
como antífonas. Crisóstomo e Agostinho também mencionam o uso dos Salmos nos
cultos cristãos[4]”. Diante de tais testemunhos é inegável o papel
essencial que o louvor exercia na vida e liturgia da Igreja primitiva.
Durante o período medieval o louvor assumirá um
papel de importância estratégica na vida da Igreja Institucional. É neste
período que surgirá os monastérios e com
ele o cântico dos monges, além disso, os sacerdotes assumirão um aspectos supra
espiritual e o louvor passa a ser restrito a um grupo reduzido, no caso os
próprios membros do clero. Eles entoavam louvores em forma uníssona e sem
instrumentos musicais, sem a participação da comunidade leiga. É importante
salientar que neste modelo - que tem o seu grande destaque com o famoso Cântico
Gregoriano - não há participação da congregação. Na verdade, a comunidade reunida
basicamente assiste a apresentação feita pelos sacerdotes da Igreja
Institucional.
A partir da Reforma Protestante veremos o retorno
à valorização do cântico que envolva tanto leigos como clérigos, especialmente,
através do empenho musical de Matinho Lutero, considerado como personagem
principal da Reforma. Segundo a professora Suenia Barbosa de Almeida em sua
dissertação de mestrado,
A música tornou-se parceira inseparável de Lutero em sua
busca por Alemanha diferente, talvez mais consciente de sua fé e livre para
usufruir dela com toda intensidade. Essa cumplicidade entre musica e as
doutrinas do reformador lhe permitiu usa-la como instrumentos em suas mãos.
Cônscio de seu potencial didático e plenamente convicto que esse universo
deveria ser explorado como uma importante área do conhecimento, Lutero parece
ter contemplado esses dois usos da música em sua obra[5].
De acordo com a afirmação acima, Lutero soube
aproveitar o “poder” da música para fortalecer tanto a fé como as doutrinas
expostas pela Reforma. Vemos em seus inúmeros hinos o caráter pedagógico e
doutrinário. Segundo Parcival Módolo citado por Almeida (2011, p.68): “Na
tradição musical reformada luterana, a música revela o texto. Ela o explica
(explicatio textos). Nesse sentido ela deverá ser uma espécie de exegese, de
explanação do texto, um sermão em sons (praedicatio sonora)[6]”.
Com este modelo, “praedicatio sonora”, a música para Lutero assumiria um valor
muito mais didático que de contemplação. Considerando é claro que tais
proposições não são mutuamente excludentes.
Os Pentecostais Na Música
Os demais reformadores e pós-reformadores
continuaram a valorizar o louvor dentro da liturgia. Alguns valorizavam menos
que outros, porém, nunca esteve distante das liturgias pós reforma. Não
obstante, a partir do século XIX veremos uma eclosão de louvores que entrarão
para a história do cristianismo. Já com o despontar do século XXI veremos a
eclosão do Movimento Pentecostal, herdeiro das tradições tanto Wesleynas como
do movimento Hollines. Para o historiador do Movimento Pentecostal Isael de Araújo:
“O movimento pentecostal abarcou uma variedade de estilos e tipos de músicas,
com suas bases tanto na Bíblia como nas tradições históricas da Igreja [...] a
música pentecostal enfatizou uma maneira sincera e profunda de cantar e tocar
os instrumentos[7]”.
Os pentecostais surgiram como um movimento de liberdade.
Liberdade litúrgica e consequentemente no modo de adoração. Os cultos ficaram
marcados com a espontaneidade no modo de entoar louvores a Deus. Contudo,
sempre se valorizavam a o reforço doutrinário e teológico através da adoração.
Para Isael de Araújo, “A música fazia parte da vida do crente antes, durante e
depois do culto. Antigos relatos informam sobre cânticos, louvores, palmas,
clamores e até dança diante do Senhor [...] a música pentecostal possuiu
qualidades características tanto no som como no conceito, o que a distingue de
todas as épocas e práticas das tradições evangélicas e litúrgicas[8]”.
O louvor será marca distintiva do pentecostalismo,
contudo, este louvor ganhará aspectos que o distancie da prática luterana e de
muitos outros grupos oriundos desta tradição cristã. O pentecostalismo prima
pela espontaneidade no louvor e apresenta uma interação peculiar entre o
adorador e sua maneira de expor sua adoração. Assim, por todos os locais que
foram alcançados pelas missões pentecostais, o louvor veio junto com as demais representações
dogmáticas deste movimento. No Brasil, não poderia ser diferente, vejamos, por
exemplo, a importância da música para a liturgia simples e espontânea de um culto
pentecostal nos anos de 1925-1926, segundo relatos descritos no livro Diário de
um Pioneiro:
O pastor começa a contar um hino. Todos se levantam e cantam
juntos. Outro hino é cantado com muito fervor e alegria. O hino é dirigido por
uma senhora ruiva, a irmã Frida Vingren, que está tocando um órgão. Um jovem
está ao seu lado, tocando violino, e um senhor de idade toca trombone. É a
orquestra principal[9]
Perceba que os hinos eram acompanhados por
instrumentos musicais e também por toda a congregação, que “com fervor e
alegria” entoavam louvores a Deus. Este momento da liturgia era ainda marcado
por expressões de júbilo através de brados de “Aleluias e Glórias a Deus”. E
visando facilitar a adoração era muito útil a utilização de um hinário próprio.
Por este motivo, a Harpa Cristã vai sendo cada vez mais indispensável para o
louvor nos cultos da Assembleia de Deus.
Louvando em terras brasileiras através da Harpa Cristã
Com a chegada do pentecostalismo no Brasil a expressão
de adoração através da música continuou sendo ponto forte da “liturgia”
pentecostal. Veremos a adaptação de hinos tradicionais ao nosso idioma e
especificamente, na Assembleia de Deus, veremos a preocupação de organizar um
hinário característico “[...] com o objetivo de elevar o cântico congregacional
e proporcionar o louvor a Deus nas diversas liturgias da Igreja: culto público,
Santa Ceia, batismo, casamento, funeral e outras ocasiões[10]”. É válido destacar que para cada uma destas
ocasiões anteriormente citadas há um fortalecimento doutrinário através do
hinário. A Harpa cristã (hinário oficial da Assembleia de Deus) apresenta uma
gama de temas bíblicos para cada ocasião. Por exemplo, culto público é
apresentado o sacrifício da Cruz (Hino 15, 18, 169 e etc), para a Ceia do
Senhor é apresentado a importância desta ordenança e de seus símbolos (Hinos
300, 328 e 39 e etc), funeral são cantados louvores de esperança escatológicas,
como os Hinos 26, 186, 509 e etc. Para cada ocasião sempre terá um hino com
proposições doutrinárias a disposição do crente pentecostal que adota a Harpa
Cristã.
O Hinário da Assembleia de Deus assumiu nomes diversos
no decorrer do tempo. A princípio os pentecostais utilizavam os “Salmos e Hinos”,
hinário adotado por diversas congregações. Contudo, buscando caracterizar o
louvor pentecostal, em 06 de outubro 1917, influenciado pelos missionários
suecos, a Assembleia de Deus em Belém (PA) lançou um hinário, contendo 194
hinos. Apesar do trabalho de 1917 ser bem visto, ainda era preciso estabelecer
uma identidade musical pentecostal, e com este objetivo, em 1921 (dez anos
depois da fundação da Assembleia de Deus) foi publicado o hinário o Cantor
Pentecostal, sob a orientação editorial de Almeida Sobrinho, sendo distribuído
pela AD de Belém. Este hinário continha 44 hinos e 10 corinhos.
Em 1922,
em Recife (PE), foi lançada a primeira edição da Harpa Cristã, contendo 100
hinos. Este hinário viria a se tornar o hinário oficial da Assembleia de Deus
no Brasil e de várias outras denominações de matriz pentecostal. Sucederam
várias outras edições deste hinário, sempre adicionando novos hinos e adaptando
outros. Finalmente, em 1996 a Harpa Cristã assumiu a característica que nos
dias atuais possui, contendo 640 hinos. Este hinário teve importante papel na
consolidação de doutrinas bíblicas, bem como na profusão da adoração durante as
reuniões pentecostais. Um fator que devemos destacar é o papel unificador que
este hinário desenvolveu na denominação, pois de norte a sul do Brasil, onde existir
uma Assembleia de Deus, os crentes daquele lugar possuirão e cantarão os hinos
denominacionais e, por conseguinte, estarão se fortalecendo em diversas
doutrinas, tais como o “Batismo no Espírito Santo”(Hino 24), ou a Esperança na
volta pré-milenial de Cristo (Hino 300).
É claro que o louvor pentecostal não se resumiu a
Harpa Cristã, porém, em suas páginas vemos a expressão da fé genuinamente
bíblica e pentecostal. Fora esse ponto, veremos ainda muitos ilustres cantores
que reafirmaram doutrinas bíblicas e esperança cristã em suas canções como, por
exemplo, a cantora Cecília de Souza- que fez muito sucesso nas décadas de
1975-80- com sua famosa canção Trono Branco. E para que atinjamos o objetivo
que inicialmente nos propusemos a tratar neste breve artigo, abordaremos o Hino
206, de autoria do pastor Paulo Leivas Macalão, um expoente da hinologia
assembleiana. Através desta análise buscaremos mostrar o teor doutrinário da
harpa Cristã e como ele reflete aquilo que a denominação professa.
Escatologia no louvor: esperança e alerta
De modo sintético, escatologia é uma temática
abordada pela Teologia Sistemática. Escatologia é o estudo das últimas coisas,
dos últimos acontecimentos da história da humanidade. Millard Erickson define
esta disciplina como “o estudo das últimas coisas[11]”
e acrescenta: “ela lida com questões concernentes à consumação da história, a
conclusão da atuação de Deus no mundo[12]”.
Assim, vemos que esta disciplina é de fundamental importância para o cristão,
pois ao estudá-la o cristão é despertado a pelos menos duas situações:
Manter-se vigilante quanto a volta de Cristo e Manter acesa a chama da
Esperança de encontrar-se com Jesus e ver todas as promessas Eternas se
cumprindo.
Os pentecostais tiveram na Escatologia um forte
impulso missionário, pois em razão do derramamento do Espírito ocorrido em suas
vidas eles criam genuinamente estar vivendo os últimos dias descritos por Joel.
É por essa razão que veremos com grande ênfase as mensagens pentecostais girarem,
a princípio, em torno de quatros eixos: Jesus Salva, Jesus Cura, Batiza com o
Espirito Santo e BREVE VOLTARÁ. Este evangelho com quatro vertentes era a chave
de toda predica pentecostal, inclusive, com uma forte ênfase na volta de Jesus.
Era o anseio de todo pentecostal (e ainda deve ser): o grande dia de se
encontrar com seu Rei e ver o retorno de Jesus, arrebatando a sua noiva para
si. Vejamos a seguir essa esperança descrita na música de um grande compositor
de Hinos do hinário assembleiano, o pastor Paulo Leivas Macalão.
Paulo Leivas Macalão era um gaúcho, nascido em Santana
do Livramento em 1903. Converteu-se ainda muito jovem (18 anos) na cidade para
qual havia migrado com sua família em razão das mudanças constantes de seu pai,
o general do exército João Maria Macalão. A família Macalão mudou-se para o Rio
de Janeiro. Músico de mão cheia, com uma educação elitizada, Paulo Leivas
rendeu-se a Cristo e dedicou sua vida a esta nobre missão, mesmo a contra gosto
de seu pai. No Rio de Janeiro, em 1930 foi ordenado ao ministério pastoral por
Gunnar Vingren e Levi Pethrus importantes ícones da fé pentecostal. Macalão é
considerado o maior compositor de hinos para a Harpa Cristã, ao tempo em que
adaptou para a língua portuguesa inúmeros outros hinos. Também é sobre os
cuidados do pastor Paulo Leivas Macalão que a Assembleia de Deus em Madureira
(RJ) se tornará uma Igreja pujante e vigorosa.
Entre
tantos hinos compostos por este servo de Deus destacamos o hino 206. Fazemos
esta escolha por acreditarmos que tal hino apresenta uma estrutura escatológica
que será padrão na composição do pastor de Madureira, que se estrutura em um misto
alerta, segurança em Cristo, certeza de sua volta e uma promessa de benção para
aqueles que forem fieis. A seguir passaremos a analisar o hino 206 da Harpa
Cristã:
Alerta a vigilância. O autor começa com um chamamento a ficarmos alertas quanto ao volta de
Jesus, um despertamento para que o crente não faça como as “virgens néscias”
descritas por Jesus em uma de suas parábolas (Mt 25.1-13). Nesta estrofe
Macalão apresenta o chamamento da trombeta de Deus aos seus santos (1 Ts
4.16,17), destacando que o Rei já se aproxima; por fim, há um destaque para o
modo como será esta vinda, ou seja, será certa e esplendorosa (Mt 24.31). Vejamos o que a estrofe nos diz::
“O clarim já nos alerta
Nosso coração desperta,
Pois a vinda é bem certa de Jesus;
De mil anjos rodeado,
Para o crente preparado,
Cristo volta coroado. Aleluia!”
Recompensas para os fieis. Nas estrofes seguintes Macalão reafirma a
esperança descrita Pelo Senhor para aqueles que perseverarem. É uma mensagem de
estímulo e perseverança, ao tempo em que o paralelo com as descrições do livro
do Apocalipse são enormes. Por exemplo, na segunda estrofe é destacado o evento
escatológico conhecido como “Bodas do Cordeiro” (Ap 19.7-9), onde a Igreja
estará com o Senhor Jesus ceando e sendo coroada por Ele na Glória. Uma
mensagem de esperança e consolo para crentes abatidos. Em seguida o autor nos
faz memorar o capítulo 21.4-7 do Apocalipse, quando nos mostra que “no Céu não
haverá mais pranto, eis que tudo será canto”. Por fim, ele conclui com a
promessa: “Quão felizes nós seremos com Jesus! Para sempre gozaremos, E com
Cristo reinaremos, Sua glória fruiremos. Aleluia!” Vejamos as duas últimas
estrofes deste belo hino:
2. Lá nas bodas do Cordeiro,
Sentaremos prazenteiros;
Oh! Que gozo verdadeiro com Jesus!
Pois no céu não há mais pranto,
Eis que tudo será canto;
Cristo vem buscar os santos.Aleluia!
3. Sim à mesa sentaremos,
E com Cristo cearemos;
Quão felizes nós seremos com Jesus!
Para sempre gozaremos,
E com Cristo reinaremos,
Sua glória fruiremos. Aleluia!
Salvação e firmeza. No
Coro, que se repete depois de cada estrofe, vemos uma reafirmação da mensagem
pregada pelos pentecostais: Jesus salva e breve voltará. A mensagem é clara: “Ó
irmão por Deus liberto, pelo sangue estas coberto; tens o teu perdão bem certo,
Salvo estás [...]”. É uma afirmação sobre a origem da salvação, ou seja, a
libertação vem do Senhor (Ef 2.8), é através do sangue de Jesus vertido na cruz
que os crentes adquiriram o perdão de seus pecados (1 Jo 1.7). Em seguida a
mensagem continua: “Voz de júbilo ouviremos, e no céu nós cantaremos, Cristo
breve nós veremos. Aleluia!”. O coro encerra mais uma vez reafirmando a
esperança escatológica do Céu, de estarmos juntos com o Senhor cantando e
adorando aquele que vive eternamente. Amém!!
É uma mensagem que se repete por todos os demais
hinos que encontraremos na Harpa Cristã e que falam sobre pontos Escatológicos.
Vemos essa mesma esperança, por exemplo, nos hinos 204 , 272 e 483 de composição
de Leivas Macalão. E ainda no hino de numero 301 que tem como tema fundamental
“Nossa Esperança é sua vinda”, de autoria de José Manoel Cavalcante de Almeida.
Enfim, através do hinário Harpa Cristã a doutrina da volta de Jesus é
reafirmada em suas páginas, estimulando todos os crentes à firmeza nas
promessas de Cristo e a esperarem seu retorno iminente. A doutrina escatológica
é fortemente apresentada e ensinada enquanto o crente pentecostal assembleiano
canta e exalta ao Senhor! Por fim, encerramos apresentando um trecho do hino 272,
também composto pelo pastor Leivas Macalão:
“Quando Jesus aparecer,
Que festa para nós há de ser,
Ao céu de luz iremos ter,
P'ra desfrutar eterno prazer,
Quando ao Seu Pai nos apresentar,
Que alegria no céu haverá;
No trono Seu teremos lugar,
Em nossa fronte coroa porá”
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Diante de tudo que apresentamos fica patente a importância
que o louvor tem para a vida de todo cristão. Em especial, para os pentecostais,
a hinologia exposta na Harpa Cristã assume um papel de dupla importância:
adoração e ensino. Através dos hinos apresentados no hinário oficial da
Assembleia de Deus vemos um chamamento à adoração ao Senhor, ao mesmo tempo,
vemos nestas canções o fortalecimento de princípios teológicos e dogmáticos da
fé pentecostal.
Um tema que não deixa de existir neste hinário é a escatologia, a
mensagem de esperança na Volta de Cristo, bem como a reunião do povo de Deus com
o seu Senhor. Ao cantarmos hinos como o acima analisado, somos relembrados da
promessa de Cristo sobre sua vinda (Jo 14.1-3), de seu retorno iminente (Ap
22.20) e também somos despertados para uma vida de santidade que se enquadre
nos padrões escriturístico (Hb 12.14; Ap 22.11) . Sim, fiquemos alerta, afinal:
“O clarim já nos alerta; Nosso coração
desperta, Pois a vinda é bem certa de Jesus [...]”. Cantemos com fervor,
cantemos com consciência bíblica e estejamos sempre aguardando o retorno de
nosso Rei Jesus! Por fim, encerramos este trabalho com o coro do belo hino 547 de
nossa Harpa cristã, que nos adverte:
O Rei está voltando! O Rei está voltando!
A trombeta está soando, para os santos trasladar
Sim, o Rei está voltando! O Rei está voltando!
Aleluia! Ele vem nos buscar!
REFERENCIAL
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[1]
PALHEN, Kurt. Uma nova história
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[2] ARAUJO, kenia Kerlley Saraiva de. A contribuição da musica para o
desenvolvimento e aprendizagem da criança. Disponível em: < https://monografias.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/a-contribuicao-da-musica-para-desenvolvimento-e-aprendizagem-da-crianca.htm> acesso em 15 de agosto de 2018, às 10h15 min.
[3]
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[4]
MOURA, Rikison. Breve introdução ao
livro de Salmos. Disponível em: <http://ipbrussas.blogspot.com/2014/10/breve-introducao-ao-livro-dos-salmos.html>
acesso em 15 de agosto de 2018, às 16h22 min.
[5] ALMEIDA,
2011, p.65
[6]
MÓDOLO citado por ALMEIDA, 2011, p.68
[7]
ARAUJO, 2007, p.496
[8]
Idem, idem.
[9]
VINGREN, 2017, p.142
[10]
Idem, idem.
[11]
ERICKSON, 2015, p. 1098
[12]
Idem, idem.