Por Jefferson Rodrigues
Existe alguma evidencia física que nos mostre que alguém foi batizado com o Espirito Santo? A resposta para esta pergunta dependerá de qual grupo pentecostal você pertença. O pentecostalismo é um movimento que pode ser dividido em três períodos, identificados como ondas. Para o sociólogo Ricardo Mariano (2014, p.28) os pentecostais de primeira onda são aqueles que surgiram a partir dos movimentos iniciados nos EUA do inicio do século XX, mormente da Azusa Street em Los Angeles; os membros deste grupo também são identificados como Pentecostais clássicos. Estes pentecostais enfatizam o batismo com Espírito Santo e o falar em línguas como evidência física desta experiência. Os pentecostais de segunda onda teriam doutrinas carismáticas esposadas nas ideias do grupo anterior, inclusive admitindo o falar em línguas como evidência inicial do Batismo com o Espírito Santo. Porém, alguns carismáticos de segunda onda admitem a possibilidade de nem sempre esta ser a evidência do batismo com o Espírito Santo. Contudo, sua maior ênfase estaria na cura divina. Este grupo destaca-se no cenário mundial a partir da década de 60 com a renovação carismática de muitas denominações reformada e histórica, inclusive dentro da Igreja Católica Romana.
Existe alguma evidencia física que nos mostre que alguém foi batizado com o Espirito Santo? A resposta para esta pergunta dependerá de qual grupo pentecostal você pertença. O pentecostalismo é um movimento que pode ser dividido em três períodos, identificados como ondas. Para o sociólogo Ricardo Mariano (2014, p.28) os pentecostais de primeira onda são aqueles que surgiram a partir dos movimentos iniciados nos EUA do inicio do século XX, mormente da Azusa Street em Los Angeles; os membros deste grupo também são identificados como Pentecostais clássicos. Estes pentecostais enfatizam o batismo com Espírito Santo e o falar em línguas como evidência física desta experiência. Os pentecostais de segunda onda teriam doutrinas carismáticas esposadas nas ideias do grupo anterior, inclusive admitindo o falar em línguas como evidência inicial do Batismo com o Espírito Santo. Porém, alguns carismáticos de segunda onda admitem a possibilidade de nem sempre esta ser a evidência do batismo com o Espírito Santo. Contudo, sua maior ênfase estaria na cura divina. Este grupo destaca-se no cenário mundial a partir da década de 60 com a renovação carismática de muitas denominações reformada e histórica, inclusive dentro da Igreja Católica Romana.
Por fim, Mariano apresenta os pentecostais de
terceira onda (idem, idem). Para este sociólogo, apesar de este grupo crer nos
dons do Espírito, ele difere dos outros dois tanto nos usos e costumes quanto
na percepção dos dons do Espírito, não vendo o dom de línguas como um sinal
físico do Batismo com o Espírito Santo. Estes grupos são identificados como
Neopentecostais tendo como algumas
de suas características a teologia da prosperidade e a inclusão em suas
liturgias de práticas que consideramos no mínimo, extra bíblicas para ser
elegante. Algumas de suas práticas incluem forte ênfase na prosperidade
material, uso maciço dos recursos midiáticos como TV e Rádio, ênfase exagerada
em batalha espiritual inclusive entrevistando “demônios”, venda de objetos
considerados milagrosos e ativadores da fé como água ungida, rosa ungida,
caneta ungida entre outras práticas. Por hora nos centraremos na evidencia
física do Batismo e não discutiremos mais sobre as práticas neopentecostais que
tem contribuído para a difamação da fé carismática.
Como exposto
acima, para os pentecostais de primeira onda a evidência física do Batismo com
o Espírito Santo sempre será o falar em línguas. Já os de segunda onda admitem
a possibilidade de que nem sempre o falar em línguas seja necessário para a
evidência desta experiência. E os de terceira onda, não dão enfoque sobre a
questão. Mas afinal, qual opinião está em consonância com a Palavra de Deus?
Entendemos que a opinião defendida por Pentecostais clássicos (primeira onda)
está em consonância com as evidências escriturísticas e vamos justificar esta
opinião com base na Palavra de Deus. Assim acreditamos que o falar em línguas
seja a evidência inicial do Batismo no Espírito pelos seguintes motivos:
1.
Em Jerusalém esta foi à marca distintiva no
Pentecostes. Juntamente com o
vento e fogo, as línguas foram os sinais exteriores que marcaram o Dia de
Pentecoste descrito em Atos 2. É valido lembrar que a dimensão da experiência
ocorrida no Pentecostes não se repete nos demais casos apresentados em Atos,
com exceção das línguas. Desta forma, as línguas continuam sendo marca distintiva
de que algo sobrenatural estava acontecendo. Parece-nos que era inquestionável a
ligação entre falar em línguas e o batismo com o Espírito Santo na igreja
primitiva, e para tanto, devemos considerar a isenta opinião de um ministro
presbiteriano escocês, o doutor A. B. Macdonald que assim nos fala:
A
crença da igreja acerca do Espírito surgiu dum fato que experimentou. Bem cedo
em sua carreira os discípulos notaram um novo poder que operava dentro deles.
No princípio, sua manifestação mais extraordinária foi "falar em
línguas", o poder de expressão oral extática numa língua não inteligível.
Tanto esses que eram tomados por esse poder, como também os que viam e ouviam
suas manifestações foram convencidos de que um poder do mundo superior atingira
suas vidas, dotando-os de capacidades de expressão e de outros dons, os quais
pareciam ser algo diferente, e não apenas uma intensificação da capacidade que
já possuíam [...][1]
Por este citação entendemos que as manifestações
das línguas serviam para testemunhar do poder Divino entre os mais variados
grupos de pessoas, parecendo ser este o padrão esperado pela Igreja apostólica.
2.
Em Atos todos os casos de batismo foram
acompanhados pela evidencia das línguas.
Todos os casos expostos em Atos dos Apóstolos onde cristãos foram Batizados com
o Espirito Santo ocorre a evidência física das línguas, seja explicitamente
falado no texto (At 2.4; 10.42-47; 19.1-7), ou ainda implicitamente (At
8.12ss). Em todos estes eventos o Espírito repetiu o sinal das línguas
apresentadas no Pentecostes. Até mesmo entre os Apóstolos este sinal já era
entendido como o recebimento do Batismo com o Espirito Santo, por isso Pedro
declara ao ver Cornélio falar em línguas que este era o mesmo sinal que eles
haviam recebido no dia de Pentecoste, assim nos diz a Palavra: “E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo,
como também sobre nós ao princípio (At 11.15). E como Pedro sabia que
“caiu” o Espírito sobre Cornélio e sua casa? A resposta o próprio texto nos dá,
através da evidencia física de falar em línguas, vejamos: “[...]maravilharam-se de que o dom
do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios. Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus”. (At
10.45b,46). O falar em línguas para Pedro definia que eles haviam recebido o
Espírito Santo!
Poderíamos sem
dúvidas citar ainda o ocorrido em Éfeso (At 19.1-7), onde discípulos foram
interpelados por Paulo se já haviam recebido o Espirito Santo (At 19.2) e responderam
negativamente. Na oportunidade Paulo impôs as mãos sobre eles e “[...] veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e
profetizavam”(At 19.6 b.). Mais uma vez o fator
distintivo do recebimento do Espírito consiste no falar em línguas. Neste caso
ainda houve o profetizar deixando ainda mais nítido o propósito deste dom em
capacitar homens para o trabalho cristão. Finalizamos este ponto com a opinião sensata
dos teólogos Pentecostais Menzies e Horton:
Se todas as referências à concessão
pentecostal, no livro de Atos, forem reunidas em um único bloco, não haverá mais
dúvidas de que as línguas são a evidência inicial e física do batismo no
Espírito Santo. Visto que reconhecemos nas descrições históricas do livro de
Atos um propósito teológico e a intenção de ser exemplo para a Igreja hoje,
temos nele um forte fundamento para acreditar que os crentes que eram cheios do
Espirito Santo esperavam a evidência do falar em línguas[2].
Esclarecido este ponto, passemos ao próximo. Aprestaremos a diferença existente entre língua
como dom do Espírito e como sinal do batismo com o Espirito Santo.
Diferença entre sinal e dom na
manifestação das línguas.
Para
finalizarmos as questões concernentes a evidencia física do batismo com o
Espírito Santo vamos apresentar a diferença existente entre línguas como dom e
como sinal visível desta experiência. Em primeiro lugar é importante salientar
que toda a manifestação do Espírito é uma dadiva do Céu, e, portanto, trata-se
de um dom da parte de Deus. Sendo assim, independente da forma como se
apresente as línguas sempre serão um dom do Espírito para a Igreja. Contudo,
precisamos deixar claro que nem todo cristão tem o dom de línguas (1 Co 12.10),
pois a própria Escritura nos faz crer na impossibilidade de todos falarem em
línguas (1 Co 12.30). E como compreender a aparente contradição de que a Bíblia
mostra que o Batismo é para todos, porém, nem todos possuem o dom de língua? Defendemos
a proposição de que há uma mudança na função das línguas. No ato do batismo com
o Espírito Santo cremos que elas servem para exaltar e glorificar a Deus.
Todavia, como dom, a sua função primária é a edificação da Igreja (podendo
também glorificar a Deus). A seguir explicaremos esta ideia de forma mais ampla.
É importante observar que ao falarmos de
línguas como sinal há uma variação nítida da função que é posta quando esta
manifestação aparece como dom no Novo Testamento. Com isso não queremos dizer
que a fonte dessas línguas (Espírito Santo) seja diferente, ou a tipologia
(sobrenatural ou humanas) ceda lugar a outra forma. Não obstante, acreditamos
que a variação acontece no proposito, ou seja, elas tem como função primária magnificar
a Deus (no Batismo com o Espírito Santo) e edificar a igreja (como dom). Quando
o dom de línguas é apresentado nas Epístolas Paulina tem como propósito
primário a edificação do Corpo de Cristo (1 Co 12-14), por esta razão é
insistentemente recomendado que haja interprete quando a mensagem em línguas for
dirigida à congregação (1 Co 14.5) e falada na congregação. Além desta função
primaria, Paulo ainda acrescenta a utilidade das línguas para edificação espiritual
do falante (1 Co 14.4), e ressalta que não se deve proibir o falar em línguas
(1 Co 14.39), desde que seja tudo feito com “decência e ordem” (1 Co 14.40).
Contudo, os casos em que o falar em
línguas é apresentado em conexão com a experiência do batismo com o Espírito
Santo assume uma forma diversa daquela proposta por Paulo, ou seja, estas línguas
são usadas prioritariamente para magnificar à Deus (podendo posteriormente vir
uma mensagem de caráter profético à todos). Vemos estes exemplos tanto em
Jerusalém no Pentecostes (At 2.11), como em Cesareia, na casa do centurião Cornélio. Quanto a manifestação ocorrida em Jerusalém, devemos observar que os discípulos "falavam das grandezas de Deus", ou seja, magnificavam a Deus, não sendo esta uma pregação (mesmo sendo línguas idiomáticas das nações), pois posteriormente Pedro se encarrega desta missão conforme defende o Dr Roger Stronstad (2011, p.69) em seu livro "Batismo no Espírito Santo e com fogo"(CPAD)
Passemos a analisar este outro caso: na casa do centurião Cornélio (At 10.42-47). Em Cesareia, os discípulos, vindo de Jerusalém, perceberam que aqueles homens haviam recebido o batismo com Espírito Santo porque os viam falar em línguas (At 11.15). Contudo, é importante destacar que naquele lugar não houve necessidade de interprete para a língua falada, apesar de que nenhum dos presentes compreendia o que foi falado, conforme entendemos a partir da expressão “Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus” (At 10.46).Também não houve uma mensagem especifica para aqueles irmãos, isto em razão de toda a mensagem ter sido apresentada anteriormente por Pedro aos presentes. Assim, as línguas (gr. lalounton glossais) faladas na Casa de Cornélio tiveram como finalidade primária glorificar a Deus. Neste ponto compreendemos que a língua como evidencia física do batismo com Espírito Santo não possui, necessariamente, a mesma função do dom de língua. Contudo, as experiências observadas nas Escrituras sobre batismo com Espírito Santo foram acompanhadas pelo falar em línguas como forma de glorificar a Deus (At 2.4; 10.46; Ef 19.1-7). Ressaltamos que é possível que o cristão receba tanto o sinal do batismo como o dom de línguas ao mesmo tempo.
Passemos a analisar este outro caso: na casa do centurião Cornélio (At 10.42-47). Em Cesareia, os discípulos, vindo de Jerusalém, perceberam que aqueles homens haviam recebido o batismo com Espírito Santo porque os viam falar em línguas (At 11.15). Contudo, é importante destacar que naquele lugar não houve necessidade de interprete para a língua falada, apesar de que nenhum dos presentes compreendia o que foi falado, conforme entendemos a partir da expressão “Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus” (At 10.46).Também não houve uma mensagem especifica para aqueles irmãos, isto em razão de toda a mensagem ter sido apresentada anteriormente por Pedro aos presentes. Assim, as línguas (gr. lalounton glossais) faladas na Casa de Cornélio tiveram como finalidade primária glorificar a Deus. Neste ponto compreendemos que a língua como evidencia física do batismo com Espírito Santo não possui, necessariamente, a mesma função do dom de língua. Contudo, as experiências observadas nas Escrituras sobre batismo com Espírito Santo foram acompanhadas pelo falar em línguas como forma de glorificar a Deus (At 2.4; 10.46; Ef 19.1-7). Ressaltamos que é possível que o cristão receba tanto o sinal do batismo como o dom de línguas ao mesmo tempo.
Então, compreendemos que todo cristão ao
ser batizado com o Espírito Santo fala em línguas com o objetivo de glorificar
ao Pai Eterno, todavia, isto não implica dizer que ele possui o dom de língua,
Menzies e Horton confirmam esta visão ao afirmar: “[...] é valido lembrar que uma
pessoa pode receber as línguas como a evidencia do batismo no Espirito Santo e só
mais tarde receber o dom das línguas, que pode manifestar-se nas devoções
pessoais ou nos cultos públicos[3]”. Será
preciso orar e pedir ao Senhor que seja dado o dom de línguas, assim como os
demais dons(1 Co 12.30). Desta forma, concluímos reiterando que, segundo o
relato Lucano em Atos dos Apóstolos a experiência do batismo com o Espírito
Santo era acompanhada com o falar em línguas, dando testemunho visível e
público do que Deus estava fazendo no meio do povo!
Por fim, ressaltamos que
mesmo defendendo as línguas como sinal primário do batismo com o Espírito
Santo, outras manifestações podem acompanhar esta experiência sobrenatural,
como por exemplo, o ato de profetizar (At 19.7). Não podemos esquecer que o
revestimento de poder advindo do batismo com o Espírito Santo potencializa a
manifestação dos dons, dessa forma o Espírito Santo opera livremente no cristão
que cede lugar a presença do Eterno.
Em Cristo,
Jefferson Rodrigues
Olá. Graça e paz.
ResponderExcluirPara os pentecostais clássicos o falar em "línguas" é um sinal, mas não é o próprio dom de línguas em si, então é só uma evidência. Se é assim, por que muitos dos que evidenciam o batismo falando em "línguas", continuam falando depois, e até se cobram(ou são cobrados) quando não continuam? Não fica meio que na cabeça das pessoas que o batismo e a capacidade de dali pra frente poder falar em "línguas" como uma coisa só?