Por Jefferson Rodrigues
Texto base: “Ora, o que o traía, tinha-lhes dado um sinal, dizendo:
Aquele que eu beijar, esse é; prendei-o, e levai-o com segurança”(Mc 14:44).
Acredito
que todos os leitores já viram roupas usadas por juízes em filmes de época.
Nesta vestimenta ficava evidenciada a diferença entre os operadores do direito
e pessoas comuns através de uma túnica (toga) preta e cabelos cobertos por uma
peruca de cor branca. São símbolos de poder, onde é diferenciado de maneira enfática
ELES E NÓS.
Na
tradição cristã, buscamos criar símbolos que deixem clara a diferença entre
ELES e NÓS. Em grande parte devemos esta diferenciação ao culto romano, onde os
padres necessitavam se distanciar cada vez mais do povo. Ao utilizaram a nomenclatura
de “sacerdotes” precisavam de vestes pomposas que os tornassem ESPECIAIS, em
relação ao povo “comum”. Junto com este simbolismo, o próprio culto tornou-se
uma espécie de sacrifício verotestamentário. A missa era o ritual onde Cristo
seria ofertado todas as vezes que eram ministrados o pão (hóstia) e o vinho,
ritual sacrifical ofertado apenas pelo sacerdote, que teria poderes “ESPECIAIS”
neste cenário místico religioso. Para a realização deste “sacrifício”
precisariam de um “altar” para que fossem celebrados tais rituais. Este lugar
tornou-se quase intocável pelas pessoas “comuns” e os púlpitos de tais igrejas
tornaram-se locais místicos (um altar à semelhança do Antigo Testamento), onde
somente pessoas “especiais” poderiam freqüentar.
Com
a evolução advinda da Reforma Protestante, continuamos a estabelecer a
diferenciação entre ELES e NÓS. Agora com o uso de roupas que diferenciava os clérigos
dos “leigos”. Tais roupas evoluíram e chegaram a nossos dias aos tão aclamados
ternos e gravatas. Agora qual a importância de tal diferenciação para o culto
de adoração a Deus? Nenhuma! Não existe base bíblica para tais diferenciações
entre ELES e NÓS. Ainda que possamos alegar uma ordem no culto, mas isto não
tem base bíblica de ser. Não passa de formalismo e que servem muito mais para
afastar do que para aproximar o povo daqueles que deveriam pastorear o rebanho
do Senhor!
Jesus
nos deu o maior exemplo, pois quando vemos em nosso texto base, a necessidade
de um sinal (um beijo) para que os perseguidores de Jesus o reconhecessem,
implica diretamente que o Mestre era em sua maneira de vestir semelhante aos
demais discípulos. Lembremos que o apostolo Pedro foi identificado durante o
julgamento de Cristo por seu modo de vestir e falar (Mateus 26.71-75),
mostrando que o Rei dos reis não se mostrava diferente daqueles que o seguiam. Jesus
não usava roupas especiais, como os sacerdotes no templo, Ele não se comportava
como o Deus que realmente era, antes se misturava com o povo comum. Participava
de casamentos (João 2), comia em banquetes (Marcos 2), misturava-se em meio a
multidão (Marcos 14.44). Jesus não precisava impor sua autoridade através de
rituais ou de “roupas especiais”, Ele era respeitado pelo seu testemunho, pela
sua autoridade ao falar sobre o reino de Deus, pois após suas palavras muitos “maravilharam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os
escribas”(Marcos 1.22).
A nossa diferença deve ser visível não apenas
no nosso exterior, através de usos e costumes que permeia o farisaísmo, mas
acima de tudo essa diferença deve nascer no interior, através de um homem
regenerado e restaurado pelo Espírito Santo de Deus. Aquele que nasceu do
Espírito Santo, não se conformará com este mundo (Romanos 12.1,2) e com seus
padrões distorcidos, contudo, não precisará comporta-se como um ser
EXTRATERRESTRE. Precisamos sim ser diferentes em nossa conduta, em nossa
maneira de vestir (não usando de sensualidade [Gl 5.19]), mas isso não implica em sermos
estranhos, ou precisamos usar de recursos autoritários para demonstrar a
diferença entre NÓS e ELES!
Concordo que em momentos solenes precisamos
agir de forma solene. Concordo ainda que costumes saudáveis possam ser mantidos
pelas Igrejas. Eu mesmo faço uso de roupas como ternos e gravatas [minha esposa
gosta quando me visto assim]! Mas o que não aceito é que tais costumes excedam
o amor ao ser humano, ou que façamos diferenciação entre aqueles que podem
falar do amor de Deus (por estar vestido “a caráter”) e aqueles que são impedidos
(por não estarem de acordo com a “moda” da igreja). Lembremos das sábias
palavras de uma irmã que me disse: “Podemos até usar saias [gravatas e ternos],
mas o que não podemos fazer é por tais trajes em nossos corações!”. Sábias
Palavras de uma sábia pessoa!
Repito, costumes saudáveis podem e devem ser
mantidos, contudo que possamos a cada dia aprender com o Mestre que nos diz: “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não
sacrifício.(Mateus 9.13 a). Que o Senhor limpe nossos olhos e
corações a cada dia mais!
Liberto
por Cristo,
Jefferson
Rodrigues
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