terça-feira, 23 de outubro de 2012

JESUS USAVA ROUPAS ESPECIAIS PARA PREGAR?

Por Jefferson Rodrigues

Texto base: “Ora, o que o traía, tinha-lhes dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é; prendei-o, e levai-o com segurança”(Mc 14:44).

Acredito que todos os leitores já viram roupas usadas por juízes em filmes de época. Nesta vestimenta ficava evidenciada a diferença entre os operadores do direito e pessoas comuns através de uma túnica (toga) preta e cabelos cobertos por uma peruca de cor branca. São símbolos de poder, onde é diferenciado de maneira enfática ELES E NÓS.
Na tradição cristã, buscamos criar símbolos que deixem clara a diferença entre ELES e NÓS. Em grande parte devemos esta diferenciação ao culto romano, onde os padres necessitavam se distanciar cada vez mais do povo. Ao utilizaram a nomenclatura de “sacerdotes” precisavam de vestes pomposas que os tornassem ESPECIAIS, em relação ao povo “comum”. Junto com este simbolismo, o próprio culto tornou-se uma espécie de sacrifício verotestamentário. A missa era o ritual onde Cristo seria ofertado todas as vezes que eram ministrados o pão (hóstia) e o vinho, ritual sacrifical ofertado apenas pelo sacerdote, que teria poderes “ESPECIAIS” neste cenário místico religioso. Para a realização deste “sacrifício” precisariam de um “altar” para que fossem celebrados tais rituais. Este lugar tornou-se quase intocável pelas pessoas “comuns” e os púlpitos de tais igrejas tornaram-se locais místicos (um altar à semelhança do Antigo Testamento), onde somente pessoas “especiais” poderiam freqüentar.
Com a evolução advinda da Reforma Protestante, continuamos a estabelecer a diferenciação entre ELES e NÓS. Agora com o uso de roupas que diferenciava os clérigos dos “leigos”. Tais roupas evoluíram e chegaram a nossos dias aos tão aclamados ternos e gravatas. Agora qual a importância de tal diferenciação para o culto de adoração a Deus? Nenhuma! Não existe base bíblica para tais diferenciações entre ELES e NÓS. Ainda que possamos alegar uma ordem no culto, mas isto não tem base bíblica de ser. Não passa de formalismo e que servem muito mais para afastar do que para aproximar o povo daqueles que deveriam pastorear o rebanho do Senhor!
Jesus nos deu o maior exemplo, pois quando vemos em nosso texto base, a necessidade de um sinal (um beijo) para que os perseguidores de Jesus o reconhecessem, implica diretamente que o Mestre era em sua maneira de vestir semelhante aos demais discípulos. Lembremos que o apostolo Pedro foi identificado durante o julgamento de Cristo por seu modo de vestir e falar (Mateus 26.71-75), mostrando que o Rei dos reis não se mostrava diferente daqueles que o seguiam. Jesus não usava roupas especiais, como os sacerdotes no templo, Ele não se comportava como o Deus que realmente era, antes se misturava com o povo comum. Participava de casamentos (João 2), comia em banquetes (Marcos 2), misturava-se em meio a multidão (Marcos 14.44). Jesus não precisava impor sua autoridade através de rituais ou de “roupas especiais”, Ele era respeitado pelo seu testemunho, pela sua autoridade ao falar sobre o reino de Deus, pois após suas palavras muitos “maravilharam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas”(Marcos 1.22).
A nossa diferença deve ser visível não apenas no nosso exterior, através de usos e costumes que permeia o farisaísmo, mas acima de tudo essa diferença deve nascer no interior, através de um homem regenerado e restaurado pelo Espírito Santo de Deus. Aquele que nasceu do Espírito Santo, não se conformará com este mundo (Romanos 12.1,2) e com seus padrões distorcidos, contudo, não precisará comporta-se como um ser EXTRATERRESTRE. Precisamos sim ser diferentes em nossa conduta, em nossa maneira de vestir (não usando de sensualidade [Gl 5.19]), mas isso não implica em sermos estranhos, ou precisamos usar de recursos autoritários para demonstrar a diferença entre NÓS e ELES!
Concordo que em momentos solenes precisamos agir de forma solene. Concordo ainda que costumes saudáveis possam ser mantidos pelas Igrejas. Eu mesmo faço uso de roupas como ternos e gravatas [minha esposa gosta quando me visto assim]! Mas o que não aceito é que tais costumes excedam o amor ao ser humano, ou que façamos diferenciação entre aqueles que podem falar do amor de Deus (por estar vestido “a caráter”) e aqueles que são impedidos (por não estarem de acordo com a “moda” da igreja). Lembremos das sábias palavras de uma irmã que me disse: “Podemos até usar saias [gravatas e ternos], mas o que não podemos fazer é por tais trajes em nossos corações!”. Sábias Palavras de uma sábia pessoa!
Repito, costumes saudáveis podem e devem ser mantidos, contudo que possamos a cada dia aprender com o Mestre que nos diz: “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício.(Mateus 9.13 a). Que o Senhor limpe nossos olhos e corações a cada dia mais!


Liberto por Cristo,

Jefferson Rodrigues

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caros irmãos fiquem a vontade para concordar, discordar, criticar e elogiar. Apenas peço que o façam com base na Palavra de Deus. Lembro a todos que os comentários que forem ofensivos serão removidos, pois nosso espaço é para reflexão e não agressão. No mais fiquem a vontade!