segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Mais bizus, para quem tá se preparando para o vestibular!






Da cultura grega clássica


Atenas

A primeira forma de governo em Atenas foi uma monarquia na qual o rei, um chefe militar, assumia toda a responsabilidade pelas decisões tomadas, acumulando as funções de chefe militar, político e religioso. O rei podia consultar uma assembléia da qual participavam outros guerreiros e pessoas comuns, mas a decisão final era sua. Essa forma de governo foi substituída por outra na qual as decisões cabiam a um pequeno grupo, ou seja, constituiu-se uma aristocracia, que quer dizer "governo dos melhores".

A aristocracia funcionava da seguinte maneira: o rei (basileus) continuou a existir, mas sua função era apenas a de presidir as cerimônias religiosas. O governo estava nas mãos de um grupo de pessoas denominadas eupátridas (que quer dizer "os bem-nascidos"), reunidas numa assembléia - o areópago. Para conduzir os assuntos da justiça e do exército eram designadas duas pessoas. O responsável pela justiça era denominado arconte, e o chefe militar, polemarco.

Porém, o abuso de poder da aristocracia provocou revoltas e reivindicações entre os excluídos das decisões políticas: os artesãos e comerciantes enriquecidos e os pequenos proprietários explorados. Essas reformas acabaram por transformar a forma de governo aristocrático em uma democracia através do seguinte processo: Instalou-se uma crise social, resolvida parcialmente por reformas que impediram a grande exploração dos camponeses pelos eupátridas, a escravização por dívidas e a perda das propriedades, o que ocorria devido à escassez de terras e à perda das colheitas. Além disso, atendendo às reivindicações, houve uma distribuição de obrigações e poder entre as várias classes sociais.

Essas mudanças, feitas pelo legislador Sólon, não eliminaras as diferenças entre as classes sociais, mas distribuíram o poder de acordo com as riquezas, o dinheiro substituiu a terra como fonte de poder. Sua reforma estabeleceu quatro classes de cidadãos, de acordo com a renda: a primeira, os pentakosiomédimnoi (capazes de possuir o equivalente a 500 medidas de grãos); a segunda, os hippeis, ou cavaleiros (300 medidas); a terceira, os zeugîztai (200 medidas); e a quarta classe, os tetas, ou thétes (sem rendimento, a não ser o salário).

No exército essa divisão se fazia sentir, pois só as duas primeiras classes contribuíam com impostos específicos para despesas militares e participavam da cavalaria, mantendo o próprio cavalo. A terceira classe (zeugîtai) pagava as contribuições ordinárias e participava da infantaria pesada, dos hoplitas, com armamento próprio. Os tetas estavam isentos de impostos, mas tinham o direito de participar da infantaria ligeira, cujo equipamento podiam custear, e de ser remadores na marinha.

Apesar das reformas promovidas por Sólon, as tensões persistiram, favorecendo o aparecimento dos tiranos, tanto em Atenas como nas outras cidades. Os tiranos eram aristocratas que tomavam o poder sustentados por forças militares mercenárias e com o apoio das classes inferiores, às quais prometiam favorecer, diminuindo os privilégios da aristocracia.

Depois do período das tiranias, surgiu um outro reformador, Clístenes, que atacou diretamente o princípio do direito familiar, que Sólon deixara intocado, e redividiu o território ateniense com o intuito de misturar pessoas de diferentes classes sociais.

Clístenes definiu três _tipos de divisão administrativa: as tribos*; as trítias e os demos, que deveriam seguir o princípio da igualdade. Os demos eram a menor divisão do território. Todos os atenienses deveriam estar registrados em algum deles. 0 conjunto de demos dava origem a agrupamentos maiores, as trítias, que eram trinta: dez para a cidade, dez para o litoral e dez para o interior. As trítias, por sua vez, eram agrupadas em dez tribos, da seguinte maneira: cada tribo compreendia todos os tipos de trítia; assim, as tribos misturavam os cidadãos das várias regiões, reunindo pessoas da cidade, do litoral e do interior, e com diferentes graus de riqueza. No ponto central da cidade cada tribo era representada no bouleuthérion, sede de uma assembléia composta por cinqüenta representantes de cada tribo, perfazendo um total de quinhentos elementos, a boulé. Cada tribo exercia o poder durante uma pritania, ou seja, uma das dez frações de tempo em que se dividia o ano, e que durava 35 ou 36 dias. Além disso, durante esse tempo, presidia uma outra assembléia, a ekklesía, composta por todos os cidadãos com idade acima de vinte anos.

Para completar a função das assembléias, que discutiam todos os assuntos do interesse da cidade, existiam os tribunais, alguns dos quais eram bem antigos, como o areópago. Mas, apesar da existência desses tribunais, a maior parte das questões era julgada pela heliaía, composta por seis mil jurados, sorteados entre os cidadãos maiores de trinta anos.

Esparta

O modelo espartano era bem diferente, e se desenvolveu em situação diversa da ateniense, uma vez que se constituiu a partir da dominação militar de um pequeno grupo, o dos espartanos, ou espartíatas (dórios), sobre o povo da região da Lacedemônia, ou Lacônia. Um legislador, Licurgo, a propósito de quem há muitas informações contraditórias, teria estabelecido, nó século IX a.C., as regras da cidade-estado de Esparta, que conservavam o poder nas mãos dos espartanos, uma aristocracia militar que dominava os outros dois grupos que existiam: os periecos e os hilotas.

Os periecos eram os antigos habitantes da região e formavam um grupo de homens livres, porém sem direitos políticos, apesar de terem o dever de se alistar no exército e pagar impostos. Viviam do que cultivavam nas terras que os espartanos lhes concederam em regiões pouco férteis. Podiam também dedicar-se ao comércio. Os hilotas estavam em pior condição: eram servos que moravam nas terras dos cidadãos espartanos, as quais tinham o dever de cultivar, sendo obrigados ainda a pagar uma taxa anual ao proprietário. Diferentemente do escravo, não podiam ser vendidos e eram aceitos no exército, ainda que em posição inferior à do hoplita.

O governo e a participação política eram privilégios dos espartíatas. Licurgo determinou que houvesse dois reis, um de cada uma das famílias importantes que se diziam descendentes dos invasores. Os reis tinham a função de presidir uma assembléia composta por 28 espartíatas com mais de sessenta anos, a gerúsia. Cada um de seus trinta membros - os reis e os gerontes - dispunha do mesmo poder de voto. A função da gerúsia era decidir sobre questões importantes, propor leis e julgar os crimes. Além dessa assembléia, havia ainda outra, a apela, composta por todos os espartíatas com mais de trinta anos, cuja função era indicar os membros da gerúsia e os éforos, além de discutir algumas questões, quando fosse da vontade da gerúsia. Os éforos eram cinco magistrados, eleitos todos os anos. Sua função consistia em fiscalizar a cidade, os funcionários e os reis.

Do século V a.C. ao século IV a.C., essas duas cidades, Atenas e Esparta, tiveram poder de liderança sobre as demais cidades-estados. Uniram-se para vencer os persas, porém, uma vez vitoriosas, tornaram-se forças rivais. Esparta passou a se impor às cidades do Peloponeso, formando uma liga que levou o nome de Liga do Peloponeso; e Atenas impôs seu domínio liderando a Confederação de Delos, através da qual se fortaleceu militar e culturalmente, atraindo muitos pensadores e artistas de vários pontos da Grécia. As duas ligas enfrentaram-se mutuamente, enfraqueceram-se e permitiram o surgimento de outras lideranças: a cidade de Tebas, por um curto período, e depois o reino da Macedônia, situado ao norte da Grécia e que mantinha com ela relações amigáveis.

No século IV a.C. o trono da Macedônia foi ocupado por Filipe, que tinha como objetivo estender seus domínios para o sul, adotando para isso a estratégia de ocupar as cidades gregas, a partir de um sistema de alianças, que tinham como justificativa investir contra os persas. Muitas cidades gregas, porém, não se interessaram pela proposta, uma vez que não havia real ameaça persa. Nos casos em que os acordos não foram feitos, as pretensões de Filipe da Macedônia realizaram-se através de conquistas militares, como ocorreu com Tebas e com a maioria das cidades gregas, que passaram a constituir o Império Macedônico. Esse período é chamado de helenístico.

Depois desse panorama inicial do passado grego, vamos, através de documentos, examinar qual a relação dos grupos sociais na pólis, qual o lugar dos deuses, dos mitos e dos heróis mitológicos nesse mundo, e como o poder dos grupos dominantes se instituiu e foi se transformando devido às tensões sociais. Para isso utilizamo-nos de fontes escritas: poesias, textos de pensadores, de legisladores, de historiadores e de dramaturgos; fazemos uso também de documentos relativos à cultura material: desenhos realizados pela missão arqueológica francesa, em fins do século passado, a partir de vasos e baixos-relevos decorados com cenas do cotidiano e da mitologia grega. Além dessas fontes, há plantas desenhadas a partir das reconstituições arqueológicas.


Fonte:http://www.culturabrasil.org/grecia.htm

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caros irmãos fiquem a vontade para concordar, discordar, criticar e elogiar. Apenas peço que o façam com base na Palavra de Deus. Lembro a todos que os comentários que forem ofensivos serão removidos, pois nosso espaço é para reflexão e não agressão. No mais fiquem a vontade!