domingo, 23 de outubro de 2011

Por quê Não odimamos Maria, mãe de Jesus?



Texto base: Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.

Tinha algum tempo que eu não tocava num assunto como este, tratado em nosso título. Não o fazia por algumas razões que sempre achei muito pertinentes, como por exemplo, preferir falar da graça de Deus ao invés de me meter em polêmicas tolas, conforme cita Paulo (Tt 3.9). Contudo, me vi mais uma vez, obrigado à tratar deste assunto. Isto ocorreu logo após ser abordado, durante uma aula que ministrava sobre Religião, com a seguinte pergunta: Por que os “crentes” odeiam tanto Maria? Após esta pergunta, a aluna seguiu com diversas exposições de como nós os crentes em Jesus “desprezamos e odiamos” a mãe (biógica) de Jesus. Confesso que me senti incomodado, não por concordar com ela em relação ao pseudo desprezo que nutrimos por Maria, mas sim, por saber que alguns irmãos realmente não compreendem o importante papel de nossa irmã Maria nos planos divinos para a humanidade. Por conta disso, acabam condenando Maria, ao invés de condenar as práticas que foram realizadas com o seu nome ( mariolátria). Com base nisto, apontaremos alguns pontos que podem contribuir para a compreensão do papel de Maria na vida de Jesus.

Maria bíblica X Nossa Senhora

1- Maria bíblica:

Para um leitor atento das Sagradas Escrituras, esta diferença é bem nítida. A Bíblia de Estudo Aplicação pessoal apresenta Maria como uma “[...] jovem, pobre e mulher, todas as caracteristicas que fariam com que ela parecesse inapta, aos olhos das pessoas da época”(Cpad, 2008, p.1341). Foi uma pessoa simples como ela que o Senhor Deus escolheu para que fosse cumprida a promessa feita sobre o nascimento do Messias, onde o Senhor disse: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel” (Is 7.14). Maria foi esta virgem, que em nenhum momento questionou os desígnios do Senhor para sua vida e prontamente de pôs a disposição do Reino de Deus (Lc 1.38). Agora me digam, como podemos odiar uma serva que não hesitou em ser repudiada, odiada, abandonada pelo seu noivo, em ser tratada como uma adultera, tudo isto, Maria se dispos a enfrentar por amor a Deus e por compreender que ela seria mais um instrumento para que o Reino de Deus fosse proclamado na terra (Lc 1.47,54).

A Maria bíblica em nenhum momento requisitou honra ou glória para a sua vida, infelizmente muitos eruditos utilizam erradamente o texto apresentado em Lc 1.48, onde diz “Porque atentou na baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada,” Eles alegam que este versículo é a base para que Maria possa ser exaltada, no entanto, esquecem-se que ela prórpia diz que é baixa diante da grandeza do Altíssimo, em outras versões diz que atentou a humildade, ou seja, em nenhum momento Maria se põe como superior, mas sim como uma SERVA, HUMILDE, e conclui nos versículos seguintes dizendo que se as nações a chamarão de bem aventura é em razão da miséricordia do Senhor sobre ela e Israel em trazer a terra SEU SALVADOR (Lc 1.47-55).Teriamos nós motivos para odiar uma serva humilde e fiel aos prósitos de Deus? Sem dúvidas não!

Podemos ainda destacar seu maior mandamento na Biblia deixado em João 2.5 “Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser.” Essa era a função de Maria, esta é a nossa função, fazer a vontade de Jesus, pois como sua mãe sabia, e nós também devemos saber, só o Senhor Jesus tem todo o poder para nos socorrer, nos salvar, nos redmir, para ser nosso mediador ( Jo 14.6; Mt 1.21; 1Jo 2.1; Mt 11.28; 1 Tm 2.5). E por todos estes motivos Maria esteve com o Senhor Jesus durante o seu nascimento, sua vida, sua crucifição(Jo 19.25) e possivelmente em sua ascenção aos céus (At 1.14), pois ela sabia que Ele além de seu filho biológico era também seu Salvador (Lc.1.47). A esta Maria temos profunda admiração, desejamos encontra-la nas Bodas do Cordeiro e juntamente com todos os irmãos gozar a eternidade ao lado de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

2- “Nossa Senhora”:

Você deve estar se perguntando: mas que diferença tem entre Maria e o título Nossa Senhora? Bem a diferença principal está baseada nas implicações que este título de “Nossa Senhora” trouxe a imagem de Maria e a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo que deixaram Jesus e passaram a substitui-lo pela mãe, chamada de mãe de Deus. Antes porém de continuar nesta linha de raciocínio, gostaria de apresentar alguns pontos históricos que levaram a exaltação de Maria a uma posição, que pelo que vimos, nem ela mesmo desejava.

2.1. Culto a divindades femininas:

Ao analisarmos as sociedades pagãs da antiguidade como mesopotâmicos, egipcios, chineses, indianos, gregos e romanos, sempre encontraremos a figura de uma deusa, a deusa mãe. Para os egípcios a figura da deusa mãe era representada por Isis que deu a luz ao deus Sol. Na mesopotâmia havia a figura de Astarte, a deusa mais cultuada por estes povos. Para os gregos eram diversas as divindades femininas como Afrodite, Atenas, Hera e outras, mas explicavam a origem do mundo através do mito da deusa Gaia. Na própria bíblia vemos o povo de Deus ceder ao culto a estas divindades, que aprenderam enquanto estavam vivendo no Egito e fugiam dos ataques dos Exercitos da babilônia, como fica claro na passagem a seguir:

Mas certamente cumpriremos toda a palavra que saiu da nossa boca, queimando incenso à rainha dos céus, e oferecendo-lhe libações, como nós e nossos pais, nossos reis e nossos príncipes, temos feito, nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém; e então tínhamos fartura de pão, e andávamos alegres, e não víamos mal algum.(Jr 44.17)

Toda esta cultura de adoração à divindades femininas estavam enraizadas na mentalidade dos povos que aceitavam a religião cristão Católica a partir do século IV depois de Cristo, e para suprir esta necessidade, nada mais óbvio do que criar uma deusa personificada como mãe do Deus Cristão, seria então o cenário perfeito para se iniciar o culto à Maria e surgir as diversas “Nossas Senhoras”.

2.2. Surge Nossa Senhora e mãe de Deus

Com base neste contexto histórico apresentado e a partir do ano de 313 d.C., quando o culto cristão passou a ser tolerado pelo império romano e após 325 d.C. onde foi realizado o famoso Concílio de Nicéia onde se firmou as decisões contra a seita Arianista - que afirmava que Jesus era um ser criado e não possui nenhum atributo incomunícavel de Deus - vimos a crescente interferência do Estado romano nos assuntos da Igreja, em especial, pela ação direta do imperador romano Constantino, que segundo relatos históricos, só aceitou ser batizado em seu leito de morte (337 d.C), portanto, passou sua vida inteira sem obedecer os ensinos cristãos e mesmo assim opinava livremente nas decisões da Igreja.

No meio de tamanha incerteza, se passou a aceitar a interferência do Estado romano e transformar costumes pagãos em cultos cristãos. Segundo o historiador cristãos Earle Cairns “ a veneração a Maria, mãe de Jesus, desenvolveu-se rapidamente por volta 590 d.C[...] e a série de milagres atribuidos a Maria nos evangelhos apócrifos forjaram uma grande reverencia por ela”( Cairns, 2008, p.138). A partir de então foram acrescentando títulos a Maria na seguinte ordem:

HERESIAS EM RELAÇÃO À MARIA

EVENTO

DATA (d.C.) E/OU LOCAL

Veneração dos anjos e santos mortos. Uso de imagens.

375 d.C.

Exaltação de Maria – surge o termo “Mãe de Deus”

431, no Concílio de Éfeso

Orações dirigidas a Maria, aos santos mortos e aos anjos

600 d.C.

Ave-Maria (parte da última métade foi acrescentada 50 anos depois e aprovada pelo papa Sixto V, no século 16

1508 d.C.

Imaculada conceição de Maria: proclamada pelo papa Pio IX

1854

Assunção da Virgem Maria (ascensão corporal, um pouco depois de sua morte): proclamada pelo papa Pio XII

1950

Maria: proclamada mãe da Igreja pelo papa Paul VI

1965

Fonte: Adaptado, Biblia Apologética de estudo, Icp, 2010.

Diante do exposto meus amados, não resta dúvida que a “Nossa Senhora”, não tem nada haver com a verdadeira mãe de Jesus, uma mulher simples e fiel a Deus e que jamais veria seu nome ser colocado em local de destaque em relação a seu filho Jesus. Toda esta pompa concedida a ela não passou de adaptação romana aos costumes pagãos e que por diversos motivos pareceu mais fácil manter uma mentira do que apresentar o erro cometido no passado.

Mas odiamos a Maria? Sem dúvidas não! Odiamos as diversas manifestações de “nossas senhoras”? Também diria que não. A resposta mais adequada seria que repudiamos a forma como uma serva fiel e abençoada como Maria, foi colocada como uma especie de idolo pagão – mesmo que este fato não seja assumido pela Igreja Católica. Repudiamos te-la como co – Redentora da humanida, pois ela mesmo sabia que só havia um Salvador e seu nome era Jesus (Lc 1.47). Portanto meus amados, saibam que Maria foi bem aventurada por conceber o Salvador e que nem mesmo isto lhe garantiu lugar especial entre os demais servos de Deus, pois o proprio Jesus afirmou “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.”(Mt 11.11). Concluo dizendo que sou fiel ao mandamento mariano quando nos disse a fazer tudo aquilo que Jesus nos falar (Jo 2.5) e que desejo verdadeiramente encontra-la junto com todos os irmão que morreram em Cristo no grande dia das Bodas do Cordeiro (Ap 19.9), ao lado do nosso Rei e Redentor Jesus Cristo.


Em Cristo,

Jefferson Rodrigues


Um comentário:

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