quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Bebida alcoólica: é lícito ao cristão?



Texto base: Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.” (1 Coríntios 6.12)

No início de minha fé e com o pouco conhecimento que tinha sobre as diversas vertentes protestantes que existem, não passaria por minha mente algo similar à possibilidade de uma pessoa que se diz cristã consumir, mesmo que moderadamente em sua casa, bebida alcoólica. Mas o tempo se passou e pude conhecer (não concordar!) inúmeros irmãos, sinceros em Cristo, de Igrejas como Anglicana, Presbiterianas (algumas vertentes) e outras de origem reformada que fazem uso de bebidas alcoólicas em seus lares e aprendi um pouco mais do que a Palavra de Deus fala sobre o assunto. Neste ponto, em meio a diversas dúvidas sobre o assunto, apresentadas por irmãos que desejam seguir na vontade de Deus, decidi escrever este artigo, sem paixões a dogmas ou denominações religiosas, mas centrado na Bíblia e numa análise racional sobre os efeitos do álcool na vida de milhares de pessoas no mundo.

1. O que nos diz a Palavra de Deus?

Para justificar as posições tanto de abstinência completa de álcool, como de uso moderado, muitos fazem uso de diversos contextos baseados no grego ou no hebraico. Não farei uso deste recurso, pois considero desnecessário e um tanto falacioso. Contudo, demonstrarei de forma simples e clara o que podemos entender com a Palavra de Deus.

1.1. No Antigo Testamento

No Antigo Testamento a palavra vinho aparece161 vezes aproximadamente, onde se refere tanto ao suco de uva forte, muito utilizado como alimento (Gênesis 14.8; Juízes 19.19), como a bebidas fermentadas que sempre geravam confusões e discórdia (Gênesis 9.21-24), portanto, tendo o seu consumo exagerado sempre advertido (Provérbios 21.17; 23.1-30; Isaias 5.11,22). Além do vinho, é apresentada a expressão bebida forte (uma referência a vários tipos de bebidas destiladas ou fermentadas), que pelo contexto em que aparecem, tornam-se proibidas (Provérbios 20.1; Isaias 28.7), muito em razão dos malefícios aparentes que podem causar àqueles que se enveredavam por estes caminhos.

Concluímos então que, em todo o Antigo Testamento e de acordo com os textos bíblicos dentro de seu contexto o consumo de vinho (fermentado) ou bebida forte, era duramente advertido por Deus através de seus profetas (Isaias 5.22), principalmente por tirar dos homens a sua consciência e, portanto levá-los a cometer ações equivocadas, como Noé (Gênesis 9.21-24), ou ainda Ló quando foi embriagado por suas filhas cometendo um grave pecado (Gênesis 19.35). Desta forma o conselho do sábio Salomão era: “O vinho é escarnecedor, a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio.” (Provérbios 20.1)

1.2. O que o Novo Testamento nos ensina.

Já no Novo Testamento encontramos maior dificuldade para definir a proibição do consumo de vinho. Muitos para justificarem o consumo de vinho, recorrem ao exemplo apresentado em João 2, onde Jesus vai a um casamento e transforma água em vinho. Não podemos afirmar categoricamente que aquele vinho era fermentado ou não, mas podemos inferir que sendo Jesus filho de Deus não iria conduzir seus seguidores ao pecado da embriaguez, desobedecendo aquilo proferido pelo profeta Habacuque: “Ai daquele que dá de beber ao seu companheiro! Ai de ti, que adiciona à bebida o teu furor, e o embebedas para ver a sua nudez!" (Habacuque 2.15). Caso aquele vinho fosse fermentado, como muitos afirmam, fatalmente aqueles convidados ficariam embriagados, pois já haviam bebido antes, e agora teriam mais 720 litros (João 2.7) de vinho para se embriagarem, contrariando a orientação bíblica, que diz: "Não erreis [...] nem os avarentos, nem os BÊBADOS, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus”(1 Coríntios 6.10). Podemos então inferir que aquele vinho, era o vinho novo (não fermentado [Lucas 5:35]) e comumente servido como acompanhamento de alimentos, afinal tratava-se de um casamento onde havia muita comida. Chegamos a esta conclusão com base na expressão falada pelo mestre sala, chamando o vinho produzido por Jesus de vinho bom (João 2.10), nos fazendo entender que se tratava daquele vinho que não causava embriaguez ( 2 Samuel 16.1).

Continuando a analise dos textos neotestamentários, encontramos diversas advertências quanto à embriaguez (Lucas 21.34; 1 Coríntios 6.10; Efésios 5.18). Todavia, muitos irmãos encontram margem para afirmar que o consumo moderado de bebida é permitido. Bem, não serei irresponsável em afirmar que temos afirmações do tipo: “não beberás”, ou ainda, “é proibido consumir bebida alcoólica”. Não há referência direta a isto! Nas cartas paulinas, especialmente por serem dirigidas a pessoas de cultura Greco-romana, encontramos o convite à liberdade (Romanos 8.1; Gálatas 5.1) e não a dogmas de homens (Colossenses 2.20,21). Não vemos o Apóstolo dos gentios fazendo referências expressas à proibição do consumo moderado de bebidas. Paulo por sua consciência de liberdade, e sua ojeriza ao farisaísmo do qual ele já fez parte, sempre aconselha aos irmãos “a não serem dados a muito vinho”(1 Timóteo 3.8; Tito 2.3). Contudo, encontramo-lo condenando a embriaguez: “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, OU BEBERRÃO, ou roubador; com o tal nem ainda comais. (1 Coríntios 5.11). E não para por ai, ele afirma que os bêbados não herdarão o Reino de Deus (1 Coríntios 6.10). Deixando nítido que o álcool traz como conseqüência o distanciamento do homem de Deus, através do estado subseqüente a seu consumo, a embriaguez.

Daí surge outro problema, como definir o estado de embriaguez? Muitos alegam que não bebem a ponto de embriagar-se, portanto, não se enquadram como bêbados. Pode até ser, mas como podemos estabelecer o limite entre a sobriedade e a embriaguez? De acordo com a Lei Seca um motorista que bebe 1 (um) copo de cerveja já está com seus sentidos alterados, portanto inapto a conduzir um veículo e a partir de 2 (duas) latas de cervejas já pode ser considerado em estado de embriaguez. Será que uma pessoa que bebe “moderadamente”, consume apenas meio copo de bebidas? Acredito que não! Outra situação complicada de solucionar é como poderemos oferecer ajuda a um irmão que porventura é novo convertido, viciado em álcool e que vem a Igreja tentando se livrar do vício e iniciar uma nova vida, estando nós em nossas reuniões familiares consumindo bebida alcoólica, que fatalmente o levará a pecar? Amados, veja o que Paulo nos orienta: “Bom é não comer carne, NEM BEBER VINHO, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça.” (Romanos 14.21). Perceba que a orientação é não levar o irmão a tropeçar, ou ainda a se escandalizar com nossas ações. Se no exemplo acima citado, o irmão deseja se libertar do álcool, sem dúvidas, ele irá se escandalizar e tropeçar por um capricho nosso. Por isso Paulo inicia o versículo afirmando que “bom é não comer, nem beber”, em outras palavras, é melhor deixar isto antes que seu irmão peque!

Podemos então concluir que melhor é evitar o consumo de bebidas alcoólicas, pois em nada contribuem para o bem estar físico, já que é culpada por cerca de 50% dos casos de violência domésticas segundo dados do Jornal Estadão (CLIQUE AQUI) , diversas doenças ao organismo como hepatite, cirrose e outras, além de ser um dos maiores causadores de acidentes de trânsitos, cerca de 65% dos casos, segundo a Universidade Federal do Rio de Janeiro (CLIQUE AQUI) matando milhares de pessoas no Brasil e no Mundo. E muito menos irá contribuir para o nosso bem estar espiritual, já que devemos adorar a Deus de forma racional e consciente, nunca causando escândalos aos irmãos (Mateus 18.7; Romanos 14.15). Com todo este histórico negativo, podemos afirmar “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito;” (Efésios 5.18). Estar cheio do Espírito Santo é sem dúvidas a melhor opção, o que significa apresentar seu Fruto em nossas ações e modo de viver (Gálatas 5.23).

Para aqueles que esperavam um posicionamento dizendo “isto pode”, ou “isto não pode”, farei como o Apóstolo Paulo e direi que todas as coisas me são lícitas, inclusive a escolha de beber, mas por tudo que já foi exposto acima posso afirmar que nem tudo me convém, especialmente o consumo de bebida alcoólica. E você, o que escolherá fazer? Que o Espírito Santo venha direcionar sua vida e suas decisões!

Sobriamente em Cristo,

Jefferson Rodrigues

4 comentários:

  1. Êh irmão Jefereson, me embriaguei na sobriedade desse texto. Belo e batante escalarecedor. Parabéns!

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  2. otimo texto, esclarecedor!!
    Deus abençoe sua vida cada dia mais !
    te a proxima
    Juliana Viana

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  3. Juliana e Luis, grato pelo incentivo. Que o Senhor Jesus abençoe aos amados irmãos!

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  4. Gostei do texto. Apesar da ênfase do irmão não ter sido o hebraico e o grego, eles não deixam dúvida de que o vinho que Deus quer que nos abstenhamos é o vinho alcoólico. Devemos também lembrar que todo bêbado um dia foi consumidor moderado. A dita "ciência" diz que é bom tomar todos os dias uma taça de vinho como sendo bom para o coração, mas não diz que o que é bom para o coração é as propriedades da uva que existe no suco de uva também. Ou seja, tomemos o puro suco de uva e obteremos esses benefícios e outros mais sem vir no kit o maléfico álcool, que entorpece nossa mente tornando difícil ou até impossível a comunicação do Espírito Santo conosco. Maranata!!!

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Caros irmãos fiquem a vontade para concordar, discordar, criticar e elogiar. Apenas peço que o façam com base na Palavra de Deus. Lembro a todos que os comentários que forem ofensivos serão removidos, pois nosso espaço é para reflexão e não agressão. No mais fiquem a vontade!